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quarta-feira, 25 de junho de 2014

RESUMO DO LIVRO "AMOR DE PERDIÇÃO"






Enredo da Obra:

A história de Amor de Perdição circunda-se na cidade portuguesa 
chamada Viseu, mas o enredo não se centra absolutamente em tal cidade, 
pois a alternância de cidades se faz presente à medida que o enredo da 
ficção avança deliberadamente.

Domingos José Correia Botelho era um fidalgo não muito rico que teve 
a prerrogativa e sorte última de se casar com a ilustríssima e formosa 
Srª Rita Teresa Margarida Preciosa. Esta senhora era a Dama da rainha 
de Portugal (a rainha D. Maria, também conhecida no Brasil como
Maria, a louca) vigente na época em que começou a narrativa de 
Castelo Branco, por volta aproximadamente de 1779, seguindo, pois, 
suas respectivas sucessões temporais.

É justamente perto desta data apontada acima que Domingos Correia 
era juiz de fora da cidade de Cascais, mas posteriormente conseguiu
 transferência para Vila Real, cidade onde nasceu. Seria bom e gratificante 
exercer o ofício na terra onde foi concebido à vida, não fosse as incessantes 
e inoportunas reclamações de Rita Teresa, ainda saudosa de seus luxos 
monárquicos da corte de Lisboa, luxos estes que toda Dama do Paço 
usufrui e, estando em sincronia com suas perfeitas sanidades mentais, 
jamais quer abdicar.

Apesar dos queixumes de Rita Teresa, o casal ainda conseguiu ter cinco 
filhos: Manuel, Simão, Maria, Ana e Rita. Manuel era o mais velho dentre 
os meninos, e Rita a mais nova dentre os rebentos femininos.

Foi-se feita mais uma transferência do casal, agora para a cidade de Viseu, 
mas desta vez acrescida a uma promoção: Domingos Botelho tornou-se 
corregedor desta cidade.

Ambos filhos de Botelho eram universitários em Coimbra: Manuel estudava 
Direito; já o encapetado Simão ─ que espezinhava a vida do Reitor e das 
autoridades da Universidade com seu gênio moleque e arruaceiro ─ 
cursava Humanidades.

Só existe uma coisa na vida que é capaz de transfigurar a compleição congênita 
de um rapaz rebelde como Simão o era: esta coisa (embora este substantivo 
seja tanto quanto pobre e deficiente suficientemente para demarcar graficamente 
toda a extensão significativa da palavra a seguir) é o AMOR. Este sentimento
 totalmente inefável, inesperado, indescritível à guisa de meras palavras de 
qualquer língua, teve a façanha de arrebatar o coração sanguinário, rebelde e 
revolucionário de Simão, pois o filho mais novo do corregedor se apaixonara 
fervorosamente por uma vizinha chamada Teresa, uma menina de quinze 
anos de idade.

Infelizmente, para desespero dos leitores romântico-piegas, a paixão entre os 
dois jamais pôde se materializar, pois tanto a família de Simão quanto a de 
Teresa se opunha rigorosamente contra o firmamento da união do casal. 
O motivo disso era de ter havido entre os pais do casal uma antiga rixa e 
divergência jurídica entre ambos, fazendo permear assim entre as duas famílias 
uma rivalidade mais caprichosa que a de cão e gato.

Simão e Teresa se comunicavam e trocavam suas afeições sentimentais unica
 e exclusivamente através de cartas. E foi por causa de sua comunicação 
missivista ─ tão eficiente que poder-se-ia dizer que fazia inveja aos 
modernos e-mails de hoje ─ que Simão decidiu fugir de Coimbra, 
interrompendo assim seus estudos acadêmicos, para ir a Viseu se encontrar às
 espreitas com Teresa.

O pai viúvo de Teresa, Tadeu Albuquerque, tinha um sobrinho fidalgo oriundo 
da cidade de Castro Daire chamado Baltasar Coutinho. Tadeu Albuquerque 
por motivos ambiciosos queria a todo custo o casamento de Teresa com fidalgo,
 mas sua filha recusava-o convencidamente, chegando a declarar explicitamente,
 para a raiva e descontentamento de seu pai, seu amor por Simão.

Se o romance de Teresa e Simão ainda persistisse, mesmo sendo por cartas,
 Tadeu estava convencido de mandá-la a um convento Sabendo disso ─ 
através de uma carta ─, Simão teve a resolução de se hospedar na casa de 
um conhecido seu, o ferreiro João da Cruz, este que se mostrou a todo
 momento sempre prestativo e disposto a ajudar Simão em qualquer coisa, 
já que, há tempos atrás, o ferreiro conseguiu se livrar da cadeia graças à 
intervenção jurídica do pai de Simão.

O ferreiro tinha uma filha chamada Mariana, “moça de vinte e quatro anos,
 formas bonitas, um rosto belo e triste”. Ela demonstrou, desde o início, total
 disposição para ajudar Simão no que fosse preciso, passando, além de ajudar
 Simão, também a admirá-lo e amá-lo. Mariana tinha um semblante 
melancólico porque predizia tristezas que aconteceriam com Simão caso ele 
continuasse com seu amor por Teresa, amor este obstruído por egoísmo e 
orgulho dos pais do casal:

“─ Não sei o que me adivinha o coração a respeito de vossa senhoria. 
Alguma desgraça está para lhe suceder...” Disse certa vez Mariana ao fidalgo.

Baltasar Coutinho passa a atormentar a vida de Teresa, querendo a todo custo 
seu consentimento para o casamento arranjado. Através de ameaças e com o
 aval de Tadeu, Baltasar se transforma em um estorvo na consolidação do 
amor do sofredor casal.

Depois de algumas tentativas não bem-sucedidas de encontro com Teresa, 
certa vez Simão viu-se cara-a-cara com o fidalgo Baltasar Coutinho. Ambos 
discutiram, e Simão ─ com o intuito nobre e extremamente passional de
 livrar o estorvo da vida de Teresa ─ atirara contra o fidalgo de Castro Daire, 
matando-o instantaneamente. Como conseqüência óbvia e imediata, Simão
 fora preso em Viseu após o fato, e Teresa transferida para o convento de
 Monchique, na cidade do Porto.

O pai de Simão nada fazia para tentar tirar o filho da reclusão. 
Era bem possível que se quisesse fazê-lo conseguiria relativo êxito, pois 
detinha o ofício de corregedor, profissão essa de significativo status e 
influência persuasiva nos meios jurídicos da época. Mas, a despeito de tudo 
isso, Domingos Botelho sempre negava e limitava-se sempre a dizer isso:

“ ─ Eu não determino nada. Faça de conta que o preso Simão não tem aqui 
parente algum.”

Enquanto a Teresa, sua vida tornara-se terrivelmente obscura e lastimosa 
também. Seu único entretenimento dentro do convento eram as cartas que
 escrevia ao detento Simão. A única atividade da rapariga dentro do convento 
era chorar. Sua tia Constança, a única companhia que tinha no convento, 
lamentava-se ao ver diariamente sua sobrinha aos prantos por causa de um 
amor impossível de se materializar.

Graças à ternura e solidariedade de Mariana, Simão tinha com quem contar 
dentro da prisão. E também deve-se a Mariana o título de ser a intermediadora
 entre o romance missivista do casal.

Enfim, foi graças a um tio-avô de Simão que o pai deste pôde repensar sua 
atitude de não ajudar o filho a se livrar da prisão. O nome do tio-avô era a 
Antônio da Veiga, este que ameçou se matar caso o pai não “mexesse seus
pauzinhos” para tirar o filho da forca. Infelizmente, tudo que o corregedor 
conseguiu foi a substituição do cárcere pela deportação de dez anos do filho 
para o exílio na Índia.

Mariana decidiu ir com o amado ao exílio. Para ela não restava mais nada na
 vida a não se o amor que sentia por Simão, já que o pai desta rapariga morrera 
assassinado por um almocreve. Quanto a Teresa, ao saber da resolução do exílio, 
enlouquecera. Não poderia imaginar Simão exilado por dez anos.

Enfim, a 17 de março de 1807, sai do cais de Ribeirinha o navio com os 75
 degredados, entre eles Simão e Mariana. Teresa, vendo do convento o navio 
transportando os exilados, suicidara-se.

Simão, consentindo e consciente do destino nefasto que o aguardara, aceita 
complacentemente seu fado. Após o suicídio de Teresa, chega às mãos de 
Simão sua derradeira carta com o seguinte parágrafo inicial:

“─ É já o meu espírito que te fala, Simão. A tua amiga morreu. A tua pobre 
Teresa, à hora em que leres esta carta, se me Deus não engana, está em descanso”.

Simão, tempos depois de ler a carta, e já com bastante febre provocada pelo 
enjôo do mar, falecera no navio pedindo antes que Mariana jogasse todas as
 cartas que recebera de Teresa ao mar.

É claro que Mariana fez tudo isso conforme seu amado pediu. 
Só um detalhe: Mariana jogou no mar algo mais que as cartas. 
Jogou no mar si própria, tentando desesperadamente encontrar ali o corpo
 cadavélico de Simão que lá estava, arremessado pelos almirantes do navio
 às ondas do mar. Teresa morrera, pois, abraçada com o corpo do fidalgo 
em alto mar.

É com este final trágico que Camilo Castelo Branco rematou Amor de Perdição.

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