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quarta-feira, 25 de junho de 2014

RESUMO DO LIVRO "A CRÔNICA DA CASA ASSASSINADA"



Crônica da  Casa Assassinada, do escritor mineiro Lúcio Cardoso, 
obra publicada em 1973, acompanha a ruína de uma aristocrata 
família mineira. Uma saga que se desenrola nos limites de uma 
casa de fazenda. A casa desempenha o papel principal: os 
personagens são feitos do cimento da casa e esta, da carne dos seus 
habitantes. A perspectiva dos temores que habitam a casa, da casa 
que sangra, que sofre, que abriga os mais trágicos segredos.

Lúcio Cardoso revela pendor para criação da atmosfera de pesadelo 
e de sondagem interior a que lograria dar uma rara densidade poética.
 Aproveita as sugestões do surrealismo, sem perder de vista a paisagem
 moral da província que entra como clima nos seus romances.

Crônica da Casa Assassinada reconstrói de maneira admirável o clima
 de morbidez que envolve os ambientes e os seres. Fixa a angústia de 
um amor que se crê incestuoso. Em vez de referências diretas, são as
 cartas, os diários e as confissões das pessoas que conheceram a 
protagonista (e dela própria), que vão entrar como partes estruturais 
do livro, tornando a narrativa incomum e que costuram com maestria
 a história dos Meneses, centrada na presença de uma mulher 
desconhecida..

A tragédia de um ser passa a refletir-se no caso das testemunhas; e estas
 percorrem a vária gama de reações que vai da febre amorosa ao ódio, 
deste à indiferença ou ao juízo convencional. O caso psicanalítico sai, 
portanto, do beco da auto-análise e assume dimensões familiares e 
grupais. Realiza uma forma complexa de romance em que o introspectivo, 
o atmosférico e o sensorial não mais se justapusessem, mas se 
combinassem no nível de uma escritura cerrada,  capaz de converter o 
descritivo em onírico e adensar o psicológico no existencial.

Crônica da casa assassinada surpreende antes de tudo pelo seu fôlego, e 
também pelo uso apropriado e coerente de vários instrumentos narrativos,
 cada um deles a cargo de um narrador diferente. 
Enquanto viaja devagar por uma trilha escura, à margem da qual se 
sucedem os sinais de desvios psicológicos e conflitos de natureza moral, 
o leitor testemunha a demorada queda da casa dos Menezes, tradicional 
família mineira - esse reduto de dominação e violência discreta que o 
autor fez questão de atacar sem piedade.

A agonia de Nina, protagonista da obra, sua alma libertária presa a um 
corpo carcomido pelo câncer, é a ramificação da metástase que condena
 a casa e contagia seus habitantes com a degenerescência da propriedade
 produtiva transformada em um cemitério de mortos-vivos.

As flores, violetas, marcam as estações dos personagens, os enganos, a 
vida na realização do amor no canteiro de um homem jovem, as tantas 
mortes, a ressurreição possível na imortalidade dos genes e a prisão a 
que estão condenados os homens resignados.

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