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sábado, 13 de janeiro de 2018

RESUMO DO LIVRO "O PAGADOR DE PROMESSAS"




O pagador de promessas, escrito em 1959, pelo baiano Alfredo Dias 
Gomes, teatrólogo, romancista e autor de minisséries e telenovelas, 
como Saramandaia, Roque Santeiro, Araponga e As noivas de 
Copacabana. Pertencente também à Academia Brasileira de Letras, 
Dias Gomes morreu em 1999 em um acidente em São Paulo.

ESTILO DE ÉPOCA

Dias Gomes pertence ao Modernismo brasileiro, especificamente na
geração de 45 que procurou inovar, principalmente na área linguística, 
dentre esses autores estão Guimarães Rosa e Clarice Lispector – de 
caráter regionalista e intimista, respectivamente.
TEMÁTICAS

1. Crítica ao conservadorismo clerical: segundo o crítico teatral Sábato 
Magaldi, é evidente a crítica ao formalismo clerical.

Zé: Está bem, Padre. Se for assim. Deus vai me castigar. E o senhor 
não tem culpa.
Padre: Tenho, sim. Sou sacerdote. Devo zelar pela glória do Senhor e 
pela felicidade dos homens.
Zé: Mas o senhor está me fazendo tão infeliz. Padre!
Padre (sinceramente convicto): Não! Estou defendendo a sua felicidade,
 impedindo que se perca nas trevas da bruxaria.
Zé: Padre, eu não tenho parte com o Diabo, tenho com Santa Bárbara.
GOMES, Dias. O pagador de promessas. 29. ed. Rio de Janeiro: 
Civilização Brasileira, 1986. p.135-136.


2. Traição: ao se sentir pouco desejada pelo marido, Rosa se envolve pelo 
malandro Bonitão.

3. Jogo de interesses / hipocrisia: várias personagens se beneficiam da 
situação vivenciada por Zé do Burro.

4. Reforma agrária: Zé do Burro, apesar de não conhecer a reforma agrária, 
a faz em sua promessa ao dividir sua pequena propriedade entre os lavradores
 da região.

5. Sincretismo religioso: sobre isso, o autor comenta em uma nota antes do 
início da peça:
[…] O sincretismo religioso que dá motivo ao drama é fato comum nas regiões 
brasileiras que, ao tempo da escravidão, receberam influências de cultos africanos. 
Não podendo praticar livremente esses cultos, procuravam os escravos burlar a 
vigilância dos senhores brancos, fingindo cultuar santos católicos, quando, na 
verdade, adoravam deuses nagôs. Assim, burlavam uma correspondência entre 
estes e aqueles – Oxalá (o maior dos orixás) identificou-se com Nosso Senhor do 
Bonfim, o santo de maior devoção da Bahia. Oxóssi, deus da caça, achou o seu 
símile em São Jorge. Exu, orixá malfazejo, foi equiparado ao diabo cristão. 
E assim por diante. Por isso, várias festas católicas, na Bahia (como em vários 
estados do Brasil), estão impregnadas de fetichismo, com danças, jogos e cantos 
de origem africana. Entre elas a de Santa Bárbara (Iansã na mitologia negra), que 
serve de cenário ao drama.

GOMES, Dias. Op. cit. p. 20.

RESUMO

O pagador de promessas é organizado em três atos.

Primeiro ato
Após caminhar sete léguas com sua mulher, Rosa, Zé do Burro chega às 
escadarias da Igreja de Santa Bárbara, em Salvador, Bahia, carregando nos 
ombros uma cruz tal qual a de Cristo. Tal fato é resultado de uma promessa 
feita à Santa Bárbara, em prol de seu burro Nicolau, que foi ferido por um 
galho de árvore numa noite de tempestade. Depois de várias tentativas, 
Zé do Burro faz uma promessa no terreiro de candomblé, onde Santa Bárbara 
é a figura sincrética de Iansã. 
Com o amigo curado, além de levar a cruz à igreja citada, ele também 
divide sua pequena propriedade com os lavradores da região. 
Nos diálogos entre Zé do Burro e Rosa há humor, o que faz da peça uma 
tragicomédia.

Zé do Burro quer cumprir a promessa, mas o guarda intervém. 
Na sequência Rosa aparece com aspecto de “culpada” que mais a frente se
 revelará na peça como a traição com Bonitão. Logo chega o Repórter 
sensacionalista querendo tirar proveito da história do lavrador e tenta 
torná-lo um mártir a fim de virar notícia.

Segundo ato
No segundo ato, Dedé Cospe-Rima, o poeta, se oferece para narrar a 
história de Zé do Burro. Em seguida, aparecem o capoeirista Mestre 
Coca e o investigador de polícia, o Secreta, este último foi chamado por 
Bonitão para enquadrar Zé do Burro com o objetivo de deixar Rosa livre 
para ele. “O caso Zé do Burro” sai na primeira página do jornal. 
Chegando o Monsenhor, o pagador de promessa tem a esperança de 
colocar a cruz que carregou por sete léguas no altar de Santa Bárbara. 
Porém, o Monsenhor o aconselha a trocar a promessa, mas Zé do Burro 
rejeita.

Terceiro ato
O último ato tem início com uma roda de capoeira, em que Mestre Coca 
e Manuelzinho Sua-Mãe jogam capoeira. Dedé Cospe-Rima, Mestre Coca 
e Galego fazem uma aposta colocando em jogo a sorte de Zé do Burro. 
O poeta promete a Zé do Burro escrever denunciando a atitude de padre 
Olavo. Rosa tenta convencer o esposo a ir embora, afinal, teme a chegada 
da polícia.
O delegado dá ordem de prisão a Zé do Burro, que resiste. Os soldados 
tentam levá-lo à força, os capoeiristas interferem e defendem-no. 
Em meio a confusão, um tiro é disparado e atinge Zé do Burro, que não 
aguenta e morre na porta da igreja. Liderados por Mestre Coca, os 
capoeiristas colocam o corpo do pagador de promessas deitado sobre a 
cruz e entram na igreja.

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