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sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

RESUMO DO LIVRO "GRANDE SERTÃO VEREDAS"



Grande sertão: veredas foi publicado pela primeira vez em 1956 e 
reeditado no ano de 1958, texto este que permaneceu definitivo. 
João Guimarães Rosa é conhecido por fazer sua literatura em forma 
de prosa, porém este é o único romance do autor que simboliza sua 
prosa mais extensa com mais de 600 páginas e ausente de capítulos. 
Foi esta obra a maior e mais importante realização de Guimarães 
Rosa como escritor.

Em Grande Sertão: veredas, o autor conseguiu fundir uma linguagem 
experimental dotada de metáforas e expressões linguísticas regionais 
características do sertão mineiro. Essa fusão de elementos linguísticos 
denota a primeira geração do modernismo e a temática regionalista 
refere-se à segunda geração do modernismo. Por esses motivos, 
percebe-se o porquê desta obra rosiana ser considerada a maior realização 
do autor e uma inovação para a literatura brasileira.

A história se passa no sertão e por essa razão apresenta palavras que de 
início causam confusão e estranheza ao leitor que desconhece a região 
e suas expressões inerentes. Mas, toda essa confusão de entendimento 
dos diversos nomes e regiões que aparecem na obra é feita de maneira 
proposital pelo autor. É possível compreender que com essa intenção 
Guimarães Rosa cria a metáfora de um labirinto que representa a vida. 
Assim, a palavra travessia está fortemente presente em Grande Sertão: 
veredas e, por analogia, a travessia desse labirinto simboliza a travessia
da vida.

A obra é construída por uma longa narrativa oral em que Riobaldo, também
conhecido como Tatarana ou Urutu-Branco, um ex-jagunço já envelhecido, 
relata sua experiência de vida a um interlocutor que não se manifesta, mas 
é possível perceber sua opinião através das inferências de Riobaldo. 
Portanto, Riobaldo é o narrador-personagem do livro.

Suas histórias de vingança, lutas, perseguições, medos, dúvidas e amores 
pelos sertões de Minas Gerais, de Goiás, do sul da Bahia são contadas 
sempre com uma reflexão sobre tudo que lhe aconteceu. 
Essas histórias vão sendo entrelaçadas e expostas com a preocupação 
do narrador-personagem de discutir a existência ou não do diabo, fato do 
qual depende a salvação de sua alma, pois, quando jovem, para vencer 
seu maior inimigo Hermógenes, Riobaldo parece ter feito um pacto com o 
demo. Entretanto, apesar da evidência disso em algumas passagens da obra, 
não fica claro a existência e confirmação deste, assim, cabe ao leitor fazer 
suas interpretações.

“Nonada. O diabo não há! É o que eu digo, se for… Existe é homem humano.”
“O Diabo no meio da rua.”

O romance é marcado por dois grandes conflitos narrados por Riobaldo, 
o primeiro deles é contra Zé Bebelo e os soldados do governo e tem como 
líderes João Goanhá, Ricardão, Hermógenes, Joça Ramiro, Sô Candelário 
e Tirão Passos. Zé Bebelo é pego e julgado pelo tribunal composto por 
esses líderes chefiados por Joça Ramiro. Hermógenes e Ricardão defendem 
a pena capital para Zé Bebelo, mas, no fim do julgamento, Joca Ramiro 
sentencia-o a liberdade com a condição de que ele vá para Goiás e não volte 
sem ordem. Assim, o primeiro conflito tem fim.

O segundo conflito surge depois de um período de paz no sertão quando 
Gavião-Cujo, um jagunço, anuncia que “Mataram Joca Ramiro!…”, então, 
sob liderança de Zé Bebelo que retorna para vingar a morte daquele que lhe 
concedeu a liberdade, o bando de Riobaldo e Diadorim e demais chefes lutam 
contra o grupo rival liderado pelos assassinos de Joca Ramiro, Hermógenes 
e Ricardão, os traidores do bando. Essa guerra se finda com o romance com 
a morte de Hermógenes na batalha final no Paredão.

Riobaldo vê o mundo com indiferença. O mal é apenas projeção e o ser é a 
razão e seu temor, o vir a ser. O narrador diz que o “medo agarra a gente é 
pelo enraizado” e estar preso às raízes pode impossibilitar um olhar amplo 
para conquistas de novos horizontes, pois estar preso às limitações dos sentidos 
nos faz permanecer na mesma situação, culpando o medo e o remorso pela inação.

Grande Sertão: veredas abre parênteses para inúmeras análises literárias, pois 
é uma obra abrangente que discute a travessia da vida com todos os seus 
conflitos e labirintos diabólicos. O romance retrata o homem com suas 
projeções, ações e omissões em um mundo indiferente. É a afirmação dos 
conflitos humanos construindo e destruindo as teias de vivências; vivendo 
os paradoxos necessários.

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