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sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

RESUMO DO LIVRO "LAÇOS DE FAMÍLIA"



Laços de família é uma coletânea de contos, publicada em 1960, da
escritora Clarice Lispector e eles se interligam através de uma temática 
comum a quase todos: o desentendimento familiar. As personagens 
criadas pela autora são pessoas comuns, massacradas pela banalidade 
comum a existência, mas que buscam a libertação.

É nesse processo de libertação que se encontra a epifania máxima que
 surge exatamente na fusão do eu e do mundo, representada por meio 
da ruptura da monotonia cotidiana por um instante de iluminação 
repentina na consciência da personagem. 
A família, no entanto, parece escravizar o indivíduo, impossibilitando-o 
de vivenciar ao máximo esse estado de êxtase. Fato evidente no conto 
“Amor”.

Sabe-se que a rotina é responsável por enfraquecer os laços de família, 
mas também prende o indivíduo, impossibilitando-o de encontrar a 
libertação do seu eu.

ESTILO DE ÉPOCA

Laços de família enquadra-se na terceira geração do Modernismo 
brasileiro, mais especificadamente no Neomodernismo, ou geração de 1945. 
Conheça as características mais importantes para essa classificação: emprego 
do fluxo de consciência (o narrador deixa o pensamento fluir livremente); 
sondagem psicológica (análise profunda dos estados de alma das personagens); 
emprego de monólogo interior (o narrador conversa consigo mesmo); pesquisa 
da linguagem (abolição de construções sintáticas e pontuações tradicionais); 
uso da metalinguagem; anulação dos limites espaciotemporais; postura 
anticonvencional.

ESTRUTURA DA OBRA

Laços de família reúne treze contos, sendo que doze deles são narrados em 
terceira pessoa e apenas “O jantar” é narrado em primeira pessoa. 
Em todos eles a figura da família está presente nos contos da obra e através 
deles percebem-se os impasses do relacionamento familiar.

Há outra forma de organizar os contos de Laços de família, segundo Benedito 
Nunes, tendo como eixo central a tensão de conflito de transe nauseante 
(Amor), de cólera (Feliz aniversário), de ira (O jantar), de ódio (O búfalo), 
de loucura (A imitação da rosa), de medo (Preciosidade), de culpa (O crime 
professor de matemática); situação de confronto, não somente de pessoa a 
pessoa (O jantar, Amor, Feliz aniversário), porém também de pessoa a coisa 
(Amor, O crime do professor de matemática, A imitação da rosa).

RESUMO DOS PRINCIPAIS ENREDOS:

AMOR

A personagem Ana é uma mulher casada, mãe de dois filhos, levava uma 
vida doméstica pacata e cuidava dos seus com muito zelo e amor. 
A sua paz desapareceu quando certa vez ao ir às compras deparou-se com 
um cego que teve os ovos que carregava quebrados devido à freada brusca 
do bonde. Ana terminou por descer no Jardim Botânico, onde pela paisagem 
começou a temer o inferno.

Nesse instante é possível relacionar a beleza possível aos olhos e o cego que 
está privado disto. Portanto, esse é o fato que tanto impressiona e incomoda
 a personagem.

Quando Ana retornou ao seu lar sentiu que algo havia mudado em si, então 
abraçou fortemente o filho, foi ajudar o marido quando ele derrubou o café 
que carinhosamente pegou-lhe pela mão e a levou para o quarto para dormirem.

UMA GALINHA

“Era uma galinha de domingo. Ainda viva porque não passava de nove horas 
da manhã.” (p.30) Era uma galinha pronta para o abate, contudo, pega pelo pai 
da garota passa a ser a narradora do texto que acabou pondo um ovo, então 
rapidamente a menina avisa aos familiares sobre o fato e a nova condição de 
“mãe” da galinha e implora para que não matem a galinha, pois agora ela 
pusera um ovo e queria o bem deles.

Sentindo-se culpado por ter feito a galinha correr para o abate, o pai da garota 
nomeia a ave como de estimação e alerta sobre a pena de que se o animal 
fosse sacrificado nunca mais se alimentaria de galinha.

Porém, um dia “mataram-na, comeram-na e passaram-se anos”. 
O conto evidencia que a rotina leva ao esquecimento e à banalidade.

FELIZ ANIVERSÁRIO

Era aniversário de 89 anos de uma senhora, mãe de sete filhos, que morava 
com uma das filhas, Zilda, que preparou toda a festa. Após o almoço a filha 
preparou a mãe e a colocou no lugar de destaque da mesa, a cabeceira, para 
aguardar os convidados do aniversário que viriam no fim da tarde.

Porém a chegada deles foi um desastre, de modo que a aniversariante 
permanecia imóvel em seu lugar sem participar de sua festa. 
Após os parabéns a neta pediu a avó que cortasse o bolo, ela o fez com 
brutalidade e causou espanto em todos os presentes.

Com a continuação da festa, a senhora passou a observar com desprezo 
sua festa e cuspiu no chão. Zilda se envergonhou pelo ato da mãe, pois 
todos achavam que ela responsável pela mãe. Um dos filhos discursou 
para tentar amenizar a situação desagradável.

Ao anoitecer todos se despediram e foram embora. 
A idosa permaneceu na cadeira à espera do jantar que a filha serviria.

Esse conto narrado em terceira pessoa evidencia a hipocrisia da família. 
Ao tentarem manter os hábitos educados durante a festa mostram quão 
falsas são as relações familiares e a ausência de sentimentos sinceros 
entre parentes. Por isso, essa hipocrisia desperta a ira de Dona Anita, 
que não suporta essa característica nos seus.

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