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domingo, 2 de fevereiro de 2014

RESUMO DO LIVRO "O MULATO"



Saindo criança de São Luís para Lisboa, Raimundo viajava órfão 
de pai, um ex-comerciante português, e afastado da mãe, Domingas, 
uma ex-escrava do pai.

Depois de anos na Europa, Raimundo volta formado para o Brasil. 
Passa um ano no Rio e decide regressar a São Luís para rever seu tutor 
e tio, Manuel Pescada.

Bem recebido pela família do tio, Raimundo desperta logo as atenções 
de sua prima Ana Rosa, que, em dado momento, lhe declara seu amor.

Essa paixão correspondida encontra, todavia, três obstáculos: o do pai, 
que queria a filha casada com um dos caixeiros da loja; o da avó Maria
 Bárbara, mulher racista e de maus bofes; o do Cônego Diogo, comensal 
da casa e adversário natural de Raimundo.

Todos três conheciam as origens negróides de Raimundo. E o Cônego
 Diogo era o mais empenhado em impedir a ligação, uma vez que fora 
responsável pela morte do pai do jovem.

Foi assim: depois que Raimundo nasceu, seu pai, José Pedro da Silva,
 casou-se com Quitéria Inocência de Freitas Santiago, mulher branca. 
Suspeitando da atenção particular que José Pedro dedicava ao pequeno 
Raimundo e à escrava Domingas, Quitéria ordena que açoitem a negra e
 lhe queimem as partes genitais. Desesperado, José Pedro carrega o filho 
e leva-o para a casa do irmão, em São Luís. De volta à fazenda, imaginando 
Quitéria ainda refugiada na casa da mãe, José Pedro ouve vozes em seu 
quarto. Invadindo-o, o fazendeiro surpreende Quitéria e o então Padre Diogo 
em pleno adultério. Desonrado, o pai de Raimundo mata Quitéria, tendo 
Diogo como testemunha. Graças à culpa do adultério e à culpa do homicídio, 
forma-se um pacto de cumplicidade entre ambos. 
Diante de mais essa desgraça, José Pedro abandona a fazenda, retira-se para 
a casa do irmão e adoece. Algum tempo depois, já restabelecido, José Pedro 
resolve voltar à fazenda, mas, no meio do caminho, é tocaiado e morto. 
Por outro lado, devagarzinho, o Padre Diogo começara a insinuar-se
 também na casa de Manuel Pescada.

Raimundo ignorava tudo isso.

Em São Luís, já adulto, sua preocupação básica é a de desvendar suas 
origens e, por isso, insiste com o tio em visitar a fazenda onde nascera. 
Durante o percurso a São Brás, Raimundo começa a descobrir os primeiros 
dados sobre suas origens e insiste com o tio para que lhe conceda a mão de 
Ana Rosa. Depois de várias recusas, Raimundo fica sabendo que o motivo 
da proibição devia-se à cor de sua pele.

De volta a São Luís, Raimundo muda-se da casa do tio, decide voltar para
 o Rio, confessa em carta a Ana Rosa seu amor, mas acaba não viajando.

Apesar das proibições, Ana Rosa e ele concertam um plano de fuga. 
No entanto, a carta principal fora interceptada por um cúmplice do Cônego 
Diogo, o caixeiro Dias, empregado de Manuel Pescada e forte pretendente,
 sempre repelido, à mão de Ana Rosa.

Na hora da fuga, os namorados são surpreendidos. Arma-se o escândalo, 
do qual o cônego é o grande regente. Raimundo retira-se desolado e, ao 
abrir a porta de casa, um tiro acerta-o pelas costas. 
Com uma arma que lhe emprestara o Cônego Diogo, o caixeiro Dias 
assassina o rival.

Entretanto, seis anos depois, vemo-la saindo de uma recepção oficial, 
de braço com o Sr. Dias e preocupada com os - ;três filhinhos que 
ficaram em casa, a dormir.

ASPECTOS RELEVANTES

É apontado como a obra inaugural do Naturalismo no Brasil -1881. 
Podem ser identificados alguns elementos naturalistas:

A CRÍTICA SOCIAL, através da sátira impiedosa dos tipos de São Luís: 
o comerciante rico e grosseiro, a velha beata e raivosa, o padre relaxado 
e assassino, e uma série de personagens que resvalam sempre para o 
imoral e para o grotesco. Já dissemos que esses tipos são, muitas vezes, 
pessoas que realmente viveram em São Luís, conhecidas pelo autor. 
ANTICLERICALISMO, projetado na figura do padre e depois cônego 
Diogo, devasso, hipócrita e assassino. OPOSIÇÃO AO PRECONCEITO 
RACIAL, que é o fulcro de toda a trama. O ASPECTO SEXUAL, referido 
expressamente em relação à natureza carnal da paixão de Ana Rosa pelo 
mulato Raimundo. O TRIUNFO DO MAL, já que, no desfecho, os crimes 
ficam impunes e os criminosos são gratificados: a heroína acaba se casando 
com o assassino de Raimundo (grande amor de sua vida), e o Pe. Diogo, 
responsável por dois crimes, é promovido a cônego.

Contudo, há fortes resíduos românticos:

Escrito em plena efervescência da Campanha Abolicionista, Aluísio 
Azevedo não manteve a postura neutra, imparcial, que caracteriza os autores 
realistas -naturalistas. Ao contrário, ele toma partido do mulato, do homem 
de cor, idealizando exageradamente Raimundo, que mais parece o herói dos 
romances românticos (ingênuo, bondoso, ama platonicamente Ana Rosa e 
ignora a sua condição de homem de cor). Observe que Raimundo é 
cientificamente inverossímil - filho de pai branco e mãe negra retinta, o 
filho tem; grandes olhos azuis, cabelos pretos e lustrosos, tez morena e 
amulatada, mas final..

A trama da narração é romântica e desenvolve o velho chavão romântico 
da história de amor que as tradições e o preconceito impedem de se realizar.
 Além disso, a história é verdadeiramente enrolada!

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