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domingo, 2 de fevereiro de 2014

RESUMO DO LIVRO "A CONDESSA DE VÉSPER"


Gabriel é o amante apaixonado de Ambrosina, que se viu dominado 
sob seus caprichos e disposto ao sacrifícios do amor. 
Ela se transforma em Condessa Vésper ao lado do príncipe D. Filipe.
 Mas o tesouro da sua beleza haveria de fenecer e ser guardado para 
a “sensualidade do sepulcro”.

No Brasil, o maior exemplo de exposição da homossexualidade
 masculina, na literatura do século XIX, deu-se através da pena de 
Adolfo Caminha em O Bom Crioulo. Mas e a homossexualidade
 feminina? O assunto ficou a cargo de Aluísio Azevedo. 
O conhecido autor de O Mulato, O cortiço e Casa de pensão, que é 
apontado pelos historiadores literários como responsável por ter
 trazido para o Brasil os ditames da escola de Émile Zola, escreveu,
 também, romances românticos e fez, em pleno período Imperial, da 
pena o seu mister. Azevedo costumava a escrever folhetins, um desses
 foi A Condessa Vésper. A obra, com pitadas naturalistas e grandes 
doses de romantismo, expôs o safismo, isto é, o lesbianismo na 
literatura brasileira.

A Condessa Vésper traz à tona uma variedade imensa de personagens, 
o livro tem reviravoltas típicas de folhetins que podem ser observadas,
 ainda nos dias de hoje, nas telenovelas. As principais personas são: 
Gaspar, Ambrosina, Gabriel, Gustavo e Laura. Ambrosina, depois dum 
casamento frustrado com um homem, Leonardo, que enlouquece no na 
noite de núpcias, torna-se amante de Gabriel. 
Este último, um jovem que herdara uma boa fortuna da mãe e fora criado
 por Gaspar, um médico, faz de tudo para manter Ambrosina ao seu lado;
 porém, a jovem sempre consegue enganá-lo e pegar do rapaz bons contos 
de réis. Laura é, tal como o grumete de O Bom Crioulo, a paixão de 
Ambrosina, que conhece a garota graças a uma intervenção de Gabriel. 
Ambrosina, num dos seus golpes, seduz Laura e foge para a Bahia.
 O interessante é que, em nenhum momento, o narrador explícita com
 detalhes a relação amorosa entre as duas mulheres.
 Há, pois, sempre um jogo de palavras, um eufemismo, para trazer a 
lume a questão para o leitor. Gustavo, por sua vez, aparece na história
 quase no findar da obra, quando Ambrosina, depois de retornar da Europa
 — Laura já havia morrido —, torna-se a Condessa Vésper. A figura de
 Gustavo é interessante, uma vez que o jovem assemelha-se muito a história 
de vida do próprio Aluísio. Oriundo duma província, o rapaz além de 
tornar-se escritor era também caricaturista. O fato é que, tal como Gabriel, 
Gaspar e outras personagens, o provinciano também, depois de travar 
contato com Ambrosina, tem sua vida ceifada.

Essa característica mórbida, de ceifadora, que Ambrosina desempenha 
na narrativa e sua personalidade ladina que sempre atrapalha a vida dos 
outros está, implicitamente nas palavras do narrador, ligada à sua opção 
sexual. A conduta homossexual de Ambrosina, que não se regenera em 
nenhum momento do romance, mesmo tendo ao seu lado um médico, 
que é uma figura muito utilizada nos romances naturalistas e, até mesmo
 nos românticos, para colocar certas personagens no caminho considerado 
correto, não funciona. A obra demonstra que a homossexualismo, se não
 fosse curado, levaria não somente o indivíduo que sofria de seus males à 
morte, bem como todos aqueles que o cercavam.

Características:
Condessa Vésper, de Aluísio Azevedo, foi primeiramente publicado no 
periódico Gazetinha, como romance-folhetim. Ao ser editado em livro,
 sofreu severas alterações, tendo sido totalmente modificado, ganhando,
 inclusive, um bizarro capítulo 0. Além do mais, este "caso extraordinário" 
que, na linguagem jornalística da época detinha o acento sensacionalista 
das reportagens, ficou menos escandaloso em livro.

Trata-se de um romance que, se traz os defeitos de sua estrutura folhetinesca,
 tem características bem mais relevantes, dentro do estilo realista-naturalista
 que marcou a produção do autor, aliás um dos primeiros - senão o primeiro 
- escritor profissional do Brasil.

Próximo de um romance de costumes, A condessa Vésper oferece agudas 
observações da geografia humana do Rio de Janeiro da época, descreve 
admiráveis painéis da cidade, dentro da perspectiva detalhista que caracteriza
 o estilo. Do mesmo modo, estão presentes certos modos de falar e a riqueza 
vocabular que alguns tipos humanos, ousadamente reconhecíveis nas classes 
despossuídas, faziam uso.

É um romance que traz todos os defeitos da estrutura folhetinesca, mas tem
 o mérito de traçar um interessante painel da sociedade carioca da época.
 Com o detalhismo que era característico do autor e da tendência realista,
 retrata bem a linguagem das camadas mais pobres da população e a dinâmica 
das bases "podres" da sociedade imperial.

Evidentemente, ao tematizar a parte maldita da sociedade, nosso autor não 
chega a ser um maldito, na acepção decadentista do termo, mas, de qualquer
 modo, se não houvesse a caricatura, bem poderia ter sido um deles.

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