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quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

RESUMO DO LIVRO "VIDAS SECAS"





“Vidas Secas”, romance publicado em 1938, retrata a vida miserável
de uma família de retirantes sertanejos obrigada a se deslocar de 
tempos em tempos para áreas menos castigadas pela seca. 
A obra pertence à segunda fase modernista, conhecida como
regionalista, e é qualificada como uma das mais bem-sucedidas 
criações da época.

O estilo seco de Graciliano Ramos, que se expressa principalmente 
por meio do uso econômico dos adjetivos, parece transmitir a aridez 
do ambiente e seus efeitos sobre as pessoas que ali estão.


Resumo

O livro possui 13 capítulos que, por não terem uma linearidade 
temporal, podem ser lidos em qualquer ordem. Porém, o primeiro,
 “Mudança”, e o último, “Fuga”, devem ser lidos nessa sequência, 
pois apresentam uma ligação que fecha um ciclo. “Mudança” narra
as agruras da família sertaneja na caminhada impiedosa pela aridez 
da caatinga, enquanto que em “Fuga” os retirantes partem da fazenda 
para uma nova busca por condições mais favoráveis de vida. Assim, 
pode-se dizer que a miséria em que as personagens vivem em Vidas 
Secas representa um ciclo. Quando menos se espera, a situação se 
agrada e a família é obrigada a se mudar novamente.

Fabiano é um homem rude, típico vaqueiro do sertão nordestino. 
Sem ter frequentado a escola, não é um homem com o dom das 
palavras, e chega a ver a si próprio como um animal às vezes.
Empregado em uma fazenda, pensa na brutalidade com que seu patrão 
o trata. Fabiano admira o dom que algumas pessoas possuem com a 
palavra, mas assim como as palavras e as ideias o seduziam, também 
cansavam-no.

Sem conseguir se comunicar direito com as pessoas, entra em apuros 
em um bar com um soldado, que o desafiou para um jogo de apostas. 
Irritado por perder o jogo, o soldado provoca Fabiano o insultando de 
todas as formas. O pobre vaqueiro suporta tudo calado, pois não 
conseguia se defender. Até que, por fim acaba, insultando a mãe do 
soldado e sendo preso. Na cadeia, pensa na família, em como acabou 
naquela situação e acaba perdendo a cabeça, gritando com todos e 
pensando na família como um peso a carregar.

Sinha Vitória é a esposa de Fabiano. Mulher cheia de fé e muito 
trabalhadora. Além de cuidar dos filhos e da casa, ajudava o marido 
em seu trabalho também. Esperta, sabia fazer contas e sempre avisava 
ao marido sobre os trapaceiros que tentavam tirar vantagem da falta de 
conhecimento de Fabiano. Sonhava com um futuro melhor para seus 
filhos e não se conformava com a miséria em que viviam. Seu sonho 
era ter uma cama de fita de couro para dormir.

Nesse cenário de miséria e sem se darem muita conta do que acontecia 
a seu redor, viviam os dois meninos. O mais novo via na figura do pai 
um exemplo. Já o mais velho queria aprender sobre as palavras. 
Um dia ouviu a palavra “inferno” de alguém e ficou intrigado com 
seu significado. Perguntou a Sinhá Vitória o que significava, mas 
recebeu uma resposta vaga. Vai então perguntar a Fabiano, mas esse o 
ignora. Volta a questionar sua mãe, mas ela fica brava com a insistência 
e lhe dá um cascudo. Sem ter ninguém que o entenda e sacie sua dúvida, 
só consegue buscar consolo na cadela Baleia.

Um dia a chuva chega (o “inverno”) e ficam todos em casa ouvindo 
as histórias de Fabiano. Histórias essas que ele nunca tinha vivido, 
feitos que ele nunca havia realizado. Em meio a suas histórias inventadas, 
Fabiano pensava se as coisas iriam melhorar dali então. Para o filho mais 
novo, as sombras projetadas pela fogueira no escuro deixava o pai com 
um ar grotesco. Já o mais velho ouvia as histórias de Fabiano com muita 
desconfiança.

O Natal chegou e a família inteira foi à festa da cidade. Fabiano ficou 
embriagado e se sentia muito valente, só pensando em se vingar do 
soldado que lhe colocou atrás das grades. Uma hora, cansado de seu 
próprio teatro, faz de suas roupas um travesseiro e dorme no chão. 
Sinha Vitória estava cansada de cuidar do marido embriagado e ter que 
olhar as crianças também. Em um dado momento, ela toma coragem 
para fazer o que mais estava com vontade: encontra um cantinho e se 
abaixa para urinar. Satisfeita, acende uma piteira de barro e fica a sonhar 
com a cama de fitas de couro e um futuro melhor.

No que talvez seja o momento mais famoso do livro, Fabiano vê o estado 
em que se encontrava Baleia, com pelos caídos e feridas na boca, e achou 
que ela pudesse estar doente. O vaqueiro resolve, então, sacrificar a cadela. 
Sinhá Vitória recolhe os filhos, que protestavam contra o sacrifício do 
pobre animal, mas não havia outra escolha. O primeiro tiro acerta o traseiro 
de Baleia e a deixa com as patas inutilizadas. A cadela sentia o fim próximo 
e chega a querer morder Fabiano. Apesar da raiva que sentia de Fabiano, 
o via como um companheiro de muito tempo. Em meio ao nevoeiro e da 
visão de uma espécie de paraíso dos cachorros, onde ela poderia caçar 
preás à vontade, Baleia morre sentindo dor e arrepios.

E assim a vida vai passando para essa família sofredora do sertão nordestino. 
Até que um dia, com o céu extremamente azul e nenhuma nuvem à vista, 
vendo os animais em estado de miséria, Fabiano decide que a hora de 
partir novamente havia chegado. Partiram de madrugada largando tudo 
como haviam encontrado. A cadela Baleia era uma imagem constante nos 
pensamentos confusos de Fabiano. Sinhá Vitória tentava puxar conversa 
com o marido durante a caminhada e os dois seguiam fazendo planos para 
o futuro e pensando se existiria um destino melhor para seus filhos.

Lista de Personagens
Baleia: cadela que é tratada como membro da família. Pensa, sonha e age 
como se fosse gente.
Sinhá Vitória: mulher de Fabiano. Mãe de 2 filhos, é batalhadora e 
inconformada com a miséria em que vivem. É esperta e sabe fazer conta, 
sempre prevenindo o marido sobre trapaceiros.
Fabiano: vaqueiro rude e sem instrução, não tem a capacidade de se 
comunicar bem e lamenta viver como um bicho, sem ter frequentado a 
escola. Ora reconhece-se como um homem e sente orgulho de viver perante 
às adversidades do nordeste, ora se reconhece como um animal. Sempre a 
procura de emprego, bebe muito e perde dinheiro no jogo.
Filhos: o mais novo admira a figura do pai vaqueiro, integrado à terra em 
que vivem. Já o mais velho não tem interesse nessa vida sofrida do sertão 
e quer descobrir o sentido das palavras, recorrendo mais à mãe.
Patrão: fazendeiro desonesto que explorava seus empregados, contrata 
Fabiano para trabalhar.

Sobre Graciliano Ramos
Graciliano Ramos de Oliveira nasceu em Quebrangulo, Alagoas, em 27 
de outubro de 1892. Terminando o segundo-grau em Maceió, mudou-se
para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como jornalista durante alguns anos. 
Em 1915 volta para o Alagoas e casa-se com Maria Augusta de Barros, 
que falece em 1920 e o deixa com quatro filhos.

Trabalhando como prefeito de uma pequena cidade interiorana, foi 
convencido por Augusto Schmidt a publicar seu primeiro livro, “Caetés” 
(1933), com o qual ganhou o prêmio Brasil de Literatura. Entre 1930 e 
1936 morou em Maceió e seguiu publicando diversos livros enquanto 
trabalhava como editor, professor e diretor da Instrução Pública do Estado. 
Foi preso político do governo Getúlio Vagas enquanto se preparava para 
lançar “Angústia”, que conseguiu publicar com a ajuda de seu amigo José 
Lins do Rego, em 1936. Em 1945, filia-se ao Partido Comunista do Brasil 
e realiza durante os anos seguintes uma viagem à URSS e países europeus 
junto de sua segunda esposa, o que lhe rende seu livro “Viagem” (1954).

Artista do segundo movimento modernista, Graciliano Ramos denunciou 
fortemente as mazelas do povo brasileiro, principalmente a situação de 
miséria do sertão nordestino. Adoece gravemente em 1952 e vem a 
falecer de câncer do pulmão em 20 de março de 1953 aos 60 anos.

Suas principais obras são: “Caetés” (1933), “São Bernardo” (1934), 
“Angústia” (1936), “Vidas Secas” (1938), “Infância” (1945), “Insônia”
 (1947), “Memórias do Cárcere” (1953) e “Viagem” (1954).



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