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sábado, 13 de janeiro de 2018

RESUMO DO LIVRO "OS LUSÍADAS"



Poema épico de  Luís  Vaz de Camões, Os Lusíadas, que, à imitação 
de Homero e Virgílio, traduz em verso toda a história do povo português 
e suas grandes conquistas, tomando, como motivo central, a descoberta 
do caminho marítimo para as Índias por Vasco da Gama em 1497/99.
Para cantar a história do povo português, em Os Lusíadas, Camões 
foi buscar na antiguidade clássica a forma adequada: o poema épico, 
gênero poético narrativo e grandiloquente, desenvolvido pelos poetas 
da antiguidade para cantar a história de todo um povo.
A Ilíada e a Odisséia atribuídas a Homero (Século VIII a. C), através 
da narração de episódios da Guerra de Troia, contam as lendas e a 
história heroica do povo grego. Já a Eneida, de Virgílio (71 a 19 a.C.), 
através das aventuras do herói Enéas, apresenta a história da fundação 
de Roma e as origens do povo romano.

Ao compor o maior monumento poético da Língua Portuguesa, 
Os Lusíadas, publicado em 1572, Camões copia a estrutura narrativa da 
Odisseia de Homero, assim como versos da Eneida de Virgílio. Utiliza 
a estrofação em Oitava Rima, inventada pelo italiano Ariosto, que consiste
 em estrofes de oito versos, rimadas sempre da mesma forma: abababcc. 
A epopeia se compõe de 1102 dessas estrofes, ou 8816 versos, todos 
decassílabos, divididos em 10 cantos.

RESUMO DA OBRA

Os Lusíadas se organiza tradicionalmente em cinco partes:

1. Proposição (Canto I, Estrofes 1 a 3) Apresentação da matéria a ser 
cantada: os feitos dos navegadores portugueses, em especial os da esquadra 
de Vasco da Gama e a história do povo português.

2. Invocação (Canto I, Estrofes 4 e 5) O poeta invoca o auxílio das musas 
do rio Tejo, as Tágides, que irão inspirá-lo na composição da obra.

3. Dedicatória (Canto I, Estrofes 6 a 18) O poema é dedicado ao rei Dom 
Sebastião, visto como a esperança de propagação da fé católica e 
continuação das grandes conquistas portuguesas por todo o mundo.

4. Narração (Canto I, Estrofe 19 a Canto X, Estrofe 144) A matéria do poema 
em si. A viagem de Vasco da Gama e as glórias da história heroica portuguesa.

A narração de Os Lusíadas consiste, portanto, na maior parte do poema. 
Inicia-se “In Media Res”, ou seja, em plena ação. Vasco da Gama e sua 
frota se dirigem para o Cabo da Boa Esperança, com o intuito de 
alcançarem a Índia pelo mar.

Auxiliados pelos deuses Vênus e Marte e perseguidos por Baco e Netuno, 
os heróis lusitanos passam por diversas aventuras, sempre comprovando seu 
valor e fazendo prevalecer sua fé cristã. Ao pararem em Melinde, ao 
atingirem Calicute, ou mesmo durante a viagem, os portugueses vão contando 
a história dos feitos heroicos de seu povo.

Completada a viagem, são recompensados por Vênus com um momento 
de descanso e prazer na Ilha dos Amores, verdadeiro paraíso natural que 
em muito lembra a imagem que então se fazia do recém descoberto Brasil.

5. Epílogo (Canto X, Estrofes 145 a 156 – Final da epopeia) Grande lamento 
do poeta, que reclama o fato de sua “voz rouca” não ser ouvida com mais 
atenção. O tom épico do poema é deixado de lado e Camões
passa a lamentar a situação de Portugal, depois de tantos
grandes feitos.ESTRUTURA NARRATIVA

O poema se estrutura através de uma narrativa principal, que apresenta a 
viagem da armada de Vasco da Gama. A esse fio narrativo condutor é 
incorporada inicialmente a narração feita por Vasco da Gama ao rei de 
Melinde, em que conta a história de Portugal até a sua própria viagem.

Na voz do Gama, ouvem-se os feitos dos heróis portugueses anteriores a 
ele, como Dom Nuno Álvares Pereira, o caso de amor trágico de Inês de 
Castro, o relato de sua própria partida, com o irado e premonitório discurso 
do Velho do Restelo e o episódio do Gigante Adamastor, representação mítica 
do Cabo da Boa Esperança. Em seguida são acrescentadas as narrativas feitas 
aos seus companheiros pelo marinheiro Veloso, que relata o episódio dos Doze 
da Inglaterra.

Por fim, já na Índia, Paulo da Gama, irmão de Vasco, conta ainda outros feitos 
heroicos portugueses ao Catual de Calicute. 
A estrutura narrativa de Os Lusíadas é composta, portanto, por três 
narrativas remetendo à história de Portugal, interligadas pela narração da 
viagem de Vasco da Gama.

ECLETISMO RELIGIOSO

Os Lusíadas apresenta um ecletismo religioso bastante curioso. Mescla a 
mitologia greco-romana a um catolicismo fervoroso. Protegidos pelos 
deuses, os portugueses procuram impor aos infiéis mouros sua fé cristã.

O português é visto por Camões como representante de toda a cultura 
ocidental, batendo-se contra o inimigo oriental, o árabe não-cristão. 
Todo esse fervor religioso não impede a utilização pelo poeta do erotismo 
de cunho pagão, como no episódio da Ilha dos Amores e seus defensores 
lusitanos são protegidos, ao longo de todo o poema, por uma deusa pagã, 
Vênus.

É curioso notar que a imagem clássica do deus romano Baco (o Dioniso 
dos gregos), amigo do vinho e do desregramento, inimigo maior dos 
portugueses, é a de um ser de chifres e rabo. A mesma que foi utilizada 
pela igreja católica para representar o demônio.

EPISÓDIOS PRINCIPAIS

Diversos são os episódios célebres de Os Lusíadas que merecem um olhar
 mais atento. Um deles é o da ilha dos Amores, (Canto IX, estrofes 68 a 95)
 em que a “Máquina do Mundo”, com suas inúmeras profecias, é apresentada 
aos portugueses.

Nessa passagem do final do poema o plano mítico – dos deuses – e o 
histórico – dos homens – encontram-se: os portugueses são elevados 
simbolicamente à condição de deuses, pois só aos últimos é permitido 
contemplar a “Máquina do Mundo”. Foi o episódio da ilha dos Amores 
que inspirou o poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade a compor 
seu poema “A Máquina do Mundo”.

Outro é o do Gigante Adamastor, (Canto V, estrofes 37 a 60), representação 
figurada do Cabo da Boa Esperança, que simboliza os perigos e tormentas 
enfrentados pelos navegadores lusitanos no caminho da Índia.

Adamastor é o próprio Cabo, que foi transformado em rocha pelo deus 
Peleu, como vingança por ter seduzido sua esposa, a ninfa Tétis.

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