Poema épico de Luís Vaz de Camões, Os Lusíadas, que, à imitação
de Homero e Virgílio, traduz em verso toda a história do povo português
e suas grandes conquistas, tomando, como motivo central, a descoberta
do caminho marítimo para as Índias por Vasco da Gama em 1497/99.
Para cantar a história do povo português, em Os Lusíadas, Camões
Para cantar a história do povo português, em Os Lusíadas, Camões
foi buscar na antiguidade clássica a forma adequada: o poema épico,
gênero poético narrativo e grandiloquente, desenvolvido pelos poetas
da antiguidade para cantar a história de todo um povo.
A Ilíada e a Odisséia atribuídas a Homero (Século VIII a. C), através
A Ilíada e a Odisséia atribuídas a Homero (Século VIII a. C), através
da narração de episódios da Guerra de Troia, contam as lendas e a
história heroica do povo grego. Já a Eneida, de Virgílio (71 a 19 a.C.),
através das aventuras do herói Enéas, apresenta a história da fundação
de Roma e as origens do povo romano.
Ao compor o maior monumento poético da Língua Portuguesa,
Ao compor o maior monumento poético da Língua Portuguesa,
Os Lusíadas, publicado em 1572, Camões copia a estrutura narrativa da
Odisseia de Homero, assim como versos da Eneida de Virgílio. Utiliza
a estrofação em Oitava Rima, inventada pelo italiano Ariosto, que consiste
em estrofes de oito versos, rimadas sempre da mesma forma: abababcc.
A epopeia se compõe de 1102 dessas estrofes, ou 8816 versos, todos
decassílabos, divididos em 10 cantos.
RESUMO DA OBRA
Os Lusíadas se organiza tradicionalmente em cinco partes:
RESUMO DA OBRA
Os Lusíadas se organiza tradicionalmente em cinco partes:
1. Proposição (Canto I, Estrofes 1 a 3) Apresentação da matéria a ser
cantada: os feitos dos navegadores portugueses, em especial os da esquadra
de Vasco da Gama e a história do povo português.
2. Invocação (Canto I, Estrofes 4 e 5) O poeta invoca o auxílio das musas
2. Invocação (Canto I, Estrofes 4 e 5) O poeta invoca o auxílio das musas
do rio Tejo, as Tágides, que irão inspirá-lo na composição da obra.
3. Dedicatória (Canto I, Estrofes 6 a 18) O poema é dedicado ao rei Dom
3. Dedicatória (Canto I, Estrofes 6 a 18) O poema é dedicado ao rei Dom
Sebastião, visto como a esperança de propagação da fé católica e
continuação das grandes conquistas portuguesas por todo o mundo.
4. Narração (Canto I, Estrofe 19 a Canto X, Estrofe 144) A matéria do poema
4. Narração (Canto I, Estrofe 19 a Canto X, Estrofe 144) A matéria do poema
em si. A viagem de Vasco da Gama e as glórias da história heroica portuguesa.
A narração de Os Lusíadas consiste, portanto, na maior parte do poema.
A narração de Os Lusíadas consiste, portanto, na maior parte do poema.
Inicia-se “In Media Res”, ou seja, em plena ação. Vasco da Gama e sua
frota se dirigem para o Cabo da Boa Esperança, com o intuito de
alcançarem a Índia pelo mar.
Auxiliados pelos deuses Vênus e Marte e perseguidos por Baco e Netuno,
Auxiliados pelos deuses Vênus e Marte e perseguidos por Baco e Netuno,
os heróis lusitanos passam por diversas aventuras, sempre comprovando seu
valor e fazendo prevalecer sua fé cristã. Ao pararem em Melinde, ao
atingirem Calicute, ou mesmo durante a viagem, os portugueses vão contando
a história dos feitos heroicos de seu povo.
Completada a viagem, são recompensados por Vênus com um momento
Completada a viagem, são recompensados por Vênus com um momento
de descanso e prazer na Ilha dos Amores, verdadeiro paraíso natural que
em muito lembra a imagem que então se fazia do recém descoberto Brasil.
5. Epílogo (Canto X, Estrofes 145 a 156 – Final da epopeia) Grande lamento
5. Epílogo (Canto X, Estrofes 145 a 156 – Final da epopeia) Grande lamento
do poeta, que reclama o fato de sua “voz rouca” não ser ouvida com mais
atenção. O tom épico do poema é deixado de lado e Camões
passa a lamentar a situação de Portugal, depois de tantos
grandes feitos.ESTRUTURA NARRATIVA
O poema se estrutura através de uma narrativa principal, que apresenta a
passa a lamentar a situação de Portugal, depois de tantos
grandes feitos.ESTRUTURA NARRATIVA
O poema se estrutura através de uma narrativa principal, que apresenta a
viagem da armada de Vasco da Gama. A esse fio narrativo condutor é
incorporada inicialmente a narração feita por Vasco da Gama ao rei de
Melinde, em que conta a história de Portugal até a sua própria viagem.
Na voz do Gama, ouvem-se os feitos dos heróis portugueses anteriores a
Na voz do Gama, ouvem-se os feitos dos heróis portugueses anteriores a
ele, como Dom Nuno Álvares Pereira, o caso de amor trágico de Inês de
Castro, o relato de sua própria partida, com o irado e premonitório discurso
do Velho do Restelo e o episódio do Gigante Adamastor, representação mítica
do Cabo da Boa Esperança. Em seguida são acrescentadas as narrativas feitas
aos seus companheiros pelo marinheiro Veloso, que relata o episódio dos Doze
da Inglaterra.
Por fim, já na Índia, Paulo da Gama, irmão de Vasco, conta ainda outros feitos
Por fim, já na Índia, Paulo da Gama, irmão de Vasco, conta ainda outros feitos
heroicos portugueses ao Catual de Calicute.
A estrutura narrativa de Os Lusíadas é composta, portanto, por três
narrativas remetendo à história de Portugal, interligadas pela narração da
viagem de Vasco da Gama.
ECLETISMO RELIGIOSO
Os Lusíadas apresenta um ecletismo religioso bastante curioso. Mescla a
mitologia greco-romana a um catolicismo fervoroso. Protegidos pelos
deuses, os portugueses procuram impor aos infiéis mouros sua fé cristã.
O português é visto por Camões como representante de toda a cultura
O português é visto por Camões como representante de toda a cultura
ocidental, batendo-se contra o inimigo oriental, o árabe não-cristão.
Todo esse fervor religioso não impede a utilização pelo poeta do erotismo
de cunho pagão, como no episódio da Ilha dos Amores e seus defensores
lusitanos são protegidos, ao longo de todo o poema, por uma deusa pagã,
Vênus.
É curioso notar que a imagem clássica do deus romano Baco (o Dioniso
É curioso notar que a imagem clássica do deus romano Baco (o Dioniso
dos gregos), amigo do vinho e do desregramento, inimigo maior dos
portugueses, é a de um ser de chifres e rabo. A mesma que foi utilizada
pela igreja católica para representar o demônio.
EPISÓDIOS PRINCIPAIS
Diversos são os episódios célebres de Os Lusíadas que merecem um olhar
mais atento. Um deles é o da ilha dos Amores, (Canto IX, estrofes 68 a 95)
em que a “Máquina do Mundo”, com suas inúmeras profecias, é apresentada
aos portugueses.
Nessa passagem do final do poema o plano mítico – dos deuses – e o
Nessa passagem do final do poema o plano mítico – dos deuses – e o
histórico – dos homens – encontram-se: os portugueses são elevados
simbolicamente à condição de deuses, pois só aos últimos é permitido
contemplar a “Máquina do Mundo”. Foi o episódio da ilha dos Amores
que inspirou o poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade a compor
seu poema “A Máquina do Mundo”.
Outro é o do Gigante Adamastor, (Canto V, estrofes 37 a 60), representação
Outro é o do Gigante Adamastor, (Canto V, estrofes 37 a 60), representação
figurada do Cabo da Boa Esperança, que simboliza os perigos e tormentas
enfrentados pelos navegadores lusitanos no caminho da Índia.
Adamastor é o próprio Cabo, que foi transformado em rocha pelo deus
Adamastor é o próprio Cabo, que foi transformado em rocha pelo deus
Peleu, como vingança por ter seduzido sua esposa, a ninfa Tétis.
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