Páginas

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

RESUMO DO LIVRO "CAPITÃES DA AREIA"





O romance, que retrata o cotidiano de um grupo de meninos de rua, 
procura mostrar não apenas os assaltos e as atitudes violentas de sua 
vida bestializada, mas também as aspirações e os pensamentos ingênuos, 
comuns a qualquer criança.

Resumo

No início da obra há uma série de reportagens fictícias que explicam a 
existência de um grupo de menores abandonados e marginalizados que 
aterrorizam a cidade de Salvador e é conhecido por Capitães da Areia. 
Após esta introdução, inicia-se a narrativa que gira em torno das 
peripécias desse grupo que sobrevive basicamente de furtos. 
Porém, apesar de certa linearidade, a história é contada em função 
dos destinos de cada integrante do grupo de forma a montar um 
quebra-cabeça maior.

O chefe do grupo Capitães da Areia é um jovem chamado Pedro Bala, 
um menino loiro e filho de um grevista morto no cais. Tinha ido parar 
na rua por volta dos cinco anos de idade e desde jovem já se mostrava 
corajoso e o mais capacitado a se tornar o líder das crianças. 
O grupo ocupava um trapiche abandonado na praia e era formado por 
mais de cinquenta crianças, sendo que algumas vão sendo apresentadas 
aos poucos durante a narrativa.

Uma delas era o Professor, que sabia ler e passava as noites lendo livros 
à luz de vela. Algumas vezes ele lia as histórias para os outros do grupo 
ou então criava as suas próprias narrativas a partir do que lera. Outra 
personagem que compõe o grupo é Gato, conhecido assim por ser tido 
como um dos mais bonitos ali. Quando entrou no grupo um dos meninos 
tentou se relacionar com ele, mas Gato não quis. Sendo muito vaidoso, 
tentava andar arrumado na medida do possível e de acordo com sua 
realidade de menino de rua. Gato se apaixona por uma prostituta chamada 
Dalva, que irá ter um romance com o jovem após ser abandonada por seu 
amante.

Outra personagem que merece destaque é Sem Pernas, um menino que 
uma vez fora pego pela polícia e por isso passou a ser um jovem amargo 
e que odiava a tudo. Por ser manco, às vezes era usado nos assaltos a casas: 
ele batia nas portas das casas dizendo que era um órfão aleijado e pedia 
ajuda. Ganhando confiança dos moradores, ele descobria o que tinha de 
valor na casa e depois relatava aos Capitães da Areia.

Por fim, outras personagens são: Volta Seca, que se dizia afilhado de 
Lampião e sonhava integrar o bando desse; Pirulito, um menino de forte
 convicção religiosa e que irá abandonar o roubo; Boa Vida, jovem esperto 
e que se contenta com pouco; e o negro João Grande, que tinha o respeito 
dos demais do grupo por sua coragem e tamanho. Ao lado dessas personagens
 centrais que formam o grupo, encontra-se ainda o Padre José Pedro, que era 
amigo dos meninos e procurava cuidar deles da forma que considerava mais 
correta, e a mãe-de-santo D. Aninha.

Em certo momento da narrativa, a varíola passa a assustar os moradores da 
cidade. Um dos meninos do grupo contrai a doença e é internado. 
Nessa altura, surge Dora e Zé Fuinha, cuja mãe também morreu por causa 
da varíola, e eles passam a integrar o bando. No início alguns jovens 
tentaram se relacionar com Dora, mas são impedidos por Pedro Bala, 
Professor e João Grande. Porém, Dora e Pedro Bala passam a ter certo 
envolvimento amoroso.

Certo dia alguns dos meninos foram pegos em um assalto, mas foram 
protegidos por Pedro Bala e somente ele e Dora foram levados presos. 
Ela foi levada para um orfanato, enquanto Pedro Bala foi torturado pela 
polícia e mantido preso em uma solitária por oito dias. Algum tempo 
depois, os meninos conseguem ajudar Pedro a se livrar do reformatório e 
partem para libertar Dora também. Porém, encontram-na muito doente e 
ela passa apenas mais alguns dias com os meninos antes de morrer.

Após a morte de Dora o grupo vai sofrendo algumas alterações. Pirulito 
parte com o Padre José Pedro para trabalhar com ele na igreja, Sem Pernas 
acaba morrendo em uma fuga da polícia e Gato vai para Ilhéus com Dalva, 
de quem é cafetão. Já Professor conseguiu entrar em contato com um homem 
que lhe oferecera ajuda e tornou-se pintor no Rio de Janeiro retratando as 
crianças baianas. Por fim, Volta Seca conseguiu se tornar um cangaceiro de 
seu “padrinho” Lampião. Após cometer muitas mortes e crimes, a polícia 
prende Volta Seca e ele é condenado.

Cada vez mais fascinado com as histórias de seu pai sindicalista que morrera 
em uma greve, Pedro Bala passa a se envolver em greves e lutas a favor do 
povo. Assim, movido por ideais comunistas e revolucionários, Pedro Bala 
passa o comando do bando para outro menino e parte para se tornar um 
militante proletário.

Narrador
O romance é narrado em terceira pessoa, por um narrador onisciente 
(que sabe tudo o que ocorre). Essa característica narrativa possibilita que 
seja cumprida uma tarefa facilmente notada pelo leitor: mostrar o outro lado 
dos Capitães da Areia. O narrador, ao penetrar na mente dos garotos, apresenta 
não apenas as atitudes que a vida bestializada os obriga a tomar, mas também 
as aspirações, os pensamentos ingênuos e puros, comuns a qualquer criança. 
O narrador não se esforça por ser imparcial; participa com seus comentários, 
muitas vezes sutis, mas sempre favoráveis aos Capitães da Areia.

Personagens
A obra não possui um personagem principal. Para indicar um protagonista, 
o mais apropriado seria apontar o conjunto do bando, ou seja, os Capitães da 
Areia como grupo. Isso porque as ações não giram em torno de um ou de 
outro personagem, mas ao redor de todos. Pedro Bala, o líder do bando, 
não é mais importante para o enredo do que o Sem-Pernas ou o Gato. 
Pode-se dizer que ele é o líder do bando, mas não lidera o eixo do romance. 
Daí a idéia de que o protagonista é o elemento coletivo, e cada membro do 
grupo funciona como uma parte da personalidade, uma faceta desse 
organismo maior que forma os Capitães da Areia.

Pedro Bala: líder dos Capitães da Areia, tem o cabelo loiro e uma cicatriz 
de navalha no rosto, fruto da luta em que venceu o antigo comandante do 
bando. Seu pai, conhecido como Loiro, era estivador e liderara uma greve 
no porto, onde foi assassinado por policiais.

Sem-pernas: deficiente físico, possui uma perna coxa. Preso e humilhado 
por policiais bêbados, que o obrigaram a correr em volta de uma mesa na 
delegacia até cair extenuado, Sem-Pernas conserva as marcas psicológicas 
desse episódio, que provocou nele um ódio irrefreável contra tudo e todos, 
incluindo os próprios integrantes do bando.

Gato: é o galã dos Capitães da Areia. Bem-vestido, domina a arte da jogatina, 
trapaceando, com seu baralho marcado, todos os que se aventuram numa 
partida contra ele. Além dos furtos e do jogo, Gato consegue dinheiro como 
cafetão de uma prostituta chamada Dalva.

Professor: intelectual do grupo, deu início às leituras depois de um assalto 
em que roubara alguns livros. Além de entreter os garotos, narrando as 
aventuras que lê, o Professor ajuda decisivamente Pedro Bala, 
aconselhando- o no planejamento dos assaltos.

Pirulito: era o mais cruel do bando, até que, tocado pelos ensinamentos 
do padre José Pedro, converte-se à religião. Executa, com os demais, os
 roubos necessários à sobrevivência, sem jamais deixar de praticar a 
oração e sua fé em Deus.

Boa-vida: o apelido traduz seu caráter indolente e sossegado. 
Contenta-se com pequenos furtos, o suficiente para contribuir para o 
bem-estar do grupo, e com algumas mulheres que não interessam mais 
ao Gato.

João Grande: é respeitado pelo grupo em virtude de sua coragem e da 
grande estatura. Ajuda e protege os novatos do bando contra atos tiranos 
praticados pelos mais velhos.
Volta Seca: admirador do cangaceiro Lampião, a quem chama de padrinho, 
sonha um dia participar de seu bando.

Dora: seus pais morreram, vítimas da varíola, quando tinha apenas 13 anos. 
É encontrada com seu irmão mais novo, Zé Fuinha, pelo Professor e por 
João Grande. Ao chegar ao trapiche abandonado, onde os garotos dormem, 
Dora quase é violentada, mas, tendo sido protegida por João Grande,
 o grupo a aceita, primeiro como a mãe de que todos careciam, depois 
como a valente mulher de Pedro Bala.

Padre José Pedro: padre de origem humilde, só conseguiu entrar para o
 seminário por ter sido apadrinhado pelo dono do estabelecimento onde 
era operário. Discriminado por não possuir a cultura nem a erudição dos 
colegas, demonstra uma crença religiosa sincera. Por isso, assume a missão 
de levar conforto espiritual às crianças abandonadas da cidade, das quais os
Capitães da Areia são o grande expoente.

Querido-de-Deus: grande capoeirista da Bahia, respeita o grupo liderado por 
Pedro Bala e é respeitado por ele. Ensina sua arte para alguns deles e exerce 
grande influência sobre os garotos.

Sobre Jorge Amado
Jorge Amado nasceu em Itabuna (BA), em 10 de agosto de 1912, e passou 
a infância em Ilhéus. Aos 19 anos surpreendeu a crítica e o público com o 
lançamento do romance “O País do Carnaval”. Desenvolveu uma literatura 
politicamente engajada e, nos anos seguintes, publicou “Cacau” (1933), 
“Suor” (1934), Jubiabá” (1935) e “Capitães da Areia” (1937).

Fez os estudos universitários no Rio de Janeiro, formando-se bacharel em 
ciências jurídicas e sociais. Em 1945 foi eleito deputado federal pelo Partido 
Comunista Brasileiro (PCB), tendo participado da Assembléia Constituinte
de 1946 e da primeira Câmara Federal após o Estado Novo. Perdeu o mandato 
em 1948, depois que o PCB foi colocado na ilegalidade. Deixou o Brasil e 
viveu cinco anos na Europa e na Ásia.

Com Gabriela, Cravo e Canela (1958) iniciou nova fase literária, marcada
por um estilo picaresco, de personagens malandros e bufões. Morreu em 6 
de agosto de 2001, em Salvador. É o romancista brasileiro mais traduzido 
e conhecido em todo o mundo.

Suas principais obras são: “O país do carnaval” (1930), “Suor” (1934),
 “Mar Morto” (1936), “Capitães da areia” (1937), “Gabriela, cravo e canela
” (1958), “A morte e a morte de Quincas Berro d’Água” (1961), “Dona 
Flor e seus dois maridos” (1966), “Tieta do agreste” (1977), “Farda, 
fardão, camisola de dormir” (1979) e muitas outras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário