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domingo, 2 de fevereiro de 2014

RESUMO DO LIVRO "O GUARANI "



A obra se articula a partir de alguns fatos: a devoção e fidelidade de Peri,
 índio goicatá, a Cecília; o amor de Isabel por Álvaro, e o amor deste por 
Cecília; a morte acidental de uma índia aimoré por D. Diogo e a 
conseqüente revolta e ataque dos aimorés, tudo isso ocorrendo com 
uma rebelião dos homens de D. Antônio, liderados pelo ex-frei 
Loredano, homem ambicioso e mal-caráter, que deseja saquear a casa 
e raptar Cecília.

No início do século XVII, um dos fundadores do Rio de Janeiro, o fidalgo 
português D. Antônio de Mariz, em protesto contra a dominação espanhola 
(1580-1640), estabelece-se em plena floresta, construindo um verdadeiro 
solar medieval junto a um rochedo inexpugnável. Vive com sua mulher, 
o filho, D. Diogo, a filha, Cecília e uma mestiça, Isabel, apresentada como 
sobrinha, mas que na realidade é sua filha natural. Junto à casa dos Mariz, 
vive um bando de mais ou menos quarenta aventureiros. Estes homens 
entram no sertão, fazendo o contrabando de ouro e pedras preciosas e 
deixando um percentual para D. Antônio.

Logo em seguida à chegada da nobre família portuguesa, um jovem e 
hercúleo cacique, Peri, salva Cecília de enorme pedra prestes a desabar 
sobre ela. Ao receber o agradecimento dos brancos pelo gesto, (exceto 
da mulher de D. Antônio, que abomina índios), Peri abandona sua tribo e 
passa a viver junto a eles, numa pequena choupana. Desta maneira, o
 indígena confirma uma visão que tivera com Nossa Senhora, a qual lhe 
ordenara que a servisse. E Cecília (a quem Peri chama de Ceci) tinha as 
mesmas feições da Virgem Maria. Era a ela, portanto, que o índio devia 
obediência e proteção.

Em princípio, Ceci manifesta um pouco de medo e repugnância pelo
 guarani. Este, entre outras façanhas, captura uma onça viva para 
mostrá-la a sua Iara (senhora). Também desce ao fundo de um penhasco, 
tomado por répteis e cascavéis, para apanhar um estojo com uma jóia da 
heroína. Apoiada pelo pai, que percebera a nobreza do índio ("É um 
cavalheiro europeu no corpo de um selvagem"), a jovem começa a 
simpatizar com seu estranho protetor.

Entre os aventureiros que vivem sob a égide dos Mariz, dois merecem 
destaque. Álvaro de Sá, rapaz de impulsos nobres e gestos superiores e 
que ama respeitosamente Ceci, embora, por seu turno, seja amado por 
Isabel. E o antigo frade carmelita, Angelo di Lucca - hoje Loredano - 
que abandonara o hábito depois de se apossar de um mapa de riquíssimas 
minas de prata, pertencente a um moribundo. Homem cruel e decidido, 
quer, antes de alcançar as hipotéticas minas, possuir Ceci, pela qual 
professa um desejo animalesco.

Simultaneamente, por um terrível equívoco (que aliás não lhe causa 
nenhum trauma), D. Diogo, o filho de D. Antônio, mata a filha do cacique 
dos aimorés, pensando se tratar de um animal. Os aimorés ("povo sem 
pátria e sem religião") querem vingança, exigindo em troca a vida da doce 
Ceci. Desejada impuramente por Loredano e perseguida pelos ferozes 
aimorés, quem poderia salvá-la de tantas adversidades?

Peri revela então a extensão de sua fidelidade aos portugueses. À medida 
em que centenas de aimorés iniciam o cerco final ao casarão, o herói - 
desobedecendo a sua "senhora" - parte para o acampamento dos inimigos 
e após derrubar vários deles, é preso e levado para o ritual antropofágico. 
Na hora da cerimônia, ingere poderosa dose de curare, um veneno terrível. 
Assim, quando os selvagens o devorassem, morreriam todos. Desta forma, 
Peri propõe o genocídio dos índios para que os brancos continuassem a 
viver livremente.

No entanto, quando o veneno já corrói as entranhas do bravo guerreiro, 
Álvaro de Sá irrompe de surpresa no acampamento, com alguns amigos,
 e o resgata. Peri volta para Ceci mais morto do que vivo, mas a heroína 
do romance (já se sentido afetivamente ligada ao índio) exige que ele tente 
se salvar. Cambaleante, Peri vaga pela floresta até encontrar o antídoto para 
o curare.

Quanto ao pérfido ex-padre, Loredano, acaba sendo desmascarado pelo herói, 
do mesmo modo que os seus principais asseclas. No final da narrativa, por 
causa de seus crimes e de sua monstruosidade moral, arderá em uma fogueira.

O cerco dos aimorés torna-se cada vez mais terrível. Álvaro morre ao buscar
 víveres na floresta, confessando antes à Isabel que lhe retribuía a paixão. 
Peri consegue recuperar o corpo do rapaz. Desesperada, Isabel pede que o 
índio o deposite em seu quarto. Depois, fecha todas as frestas do quarto e 
asfixia-se com a fumaça de resinas aromáticas, morrendo por amor, na cena 
mais bela do romance.

Durante o ataque, D. Antônio, ao perceber que não havia mais condições de
 resistir, incumbe Peri à salvar Cecília, após tê-lo batizado como cristão. Os 
dois partem, com Ceci adormecida e Peri vê, ao longe, a casa explodir. 
A Cecília só resta Peri.

Durante dias Peri e Cecília rumam para destino desconhecido e são 
surpreendidos por uma forte tempestade, que se transforma em dilúvio. 
Abrigados no topo de uma palmeira, Cecília espera a morte chegar, mas 
Peri conta uma lenda indígena segundo qual Tamandaré e sua esposa se 
salvaram de um dilúvio abrigando-se na copa de uma palmeira desprendida 
da terra e alimentando-se de seus frutos. Ao término da enchente, Tamandaré 
e sua esposa descem e povoam a Terra.

As águas sobem, Cecília se desespera. A lenda de Tamandaré se repete e 
Peri com uma grande força arranca a palmeira e faz dela uma canoa para 
poderem continuar pelo rio, dando início à população brasileira.

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