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domingo, 2 de fevereiro de 2014

RESUMO DO LIVRO "O CORTIÇO"



Alguns personagens mais importantes:

João Romão: português branco e ambicioso, dono da estalagem.
Bertoleza: escrava preta que amasiou-se com o João Romão.
Miranda, Dona Estela e sua filha Zulmira: vieram morar próximo à João. 
Miranda é de classe mais elevada e ele recebeu do governo português o 
título de Barão do Freixal. Sua mulher, Dona Estela o traía. 
Também havia nessa família o velho Botelho (ex-empregado) que chegou 
a flagrar Dona Estela se “escovando” com Henrique, acadêmico de 
medicina que viera do interior para acabar seus estudos.
Jerônimo, sua mulher Piedade e sua filha de 9 anos crismada por todos
 de “Senhorinha”. Jerônimo era um português alto, entre trinta e cinco 
e quarenta anos e viera trabalhar para João na pedreira.
Rita baiana: mulata dançarina provocante, tinha caso com o Firmo e 
mais adiante passou a viver com o Jerônimo que se apaixonou por ela, 
deixando sua mulher e filha para ir viver com Rita.
Bruno e sua mulher Leocádia. Sua mulher o traía e chegou a se encontrar 
com Henrique, sendo pêgos por Bruno que despejou Leocádia para fora 
de casa.
Marciana era mãe de Florinda. A garota engravidou de Domingos
 (caixeiro da venda de João), o mesmo foi obrigado a se casar ou a fornecer 
dotes. Mais adiante Florinda ficara envolvida por um despachante.
Léonie era muito amiga de Pombinha. Léonie era prostituta e lésbica e 
chegara a dar uns beijos e afagos em Pombinha que a deixara traumatizada. 
Dona Isabel, era mãe de Pombinha, (que escrevia cartas para o pessoal). 
Pombinha iria se casar mesmo incerta disso; acabou se casando com o Costa. 
Mais tarde Pombinha juntara-se à Léonie e atirara-se ao mundo. De tanto 
desgosto, D. Isabel (mãe de Pombinha) morrera em uma casa de saúde.
Pataca e Zé Carlos (juntamente com o Jerônimo): espancadores do Firmo 
que o levou a morte.
Firmo: malandro valentão
A Machona Augusta: lavadeira gritalhona

João Romão, português, branco e ambicioso, juntando dinheiro a poder 
de penosos sacrifícios, compra um pequeno estabelecimento comercial no 
subúrbio da cidade (Rio de Janeiro). Ao lado morava uma preta, escrava 
fugida, trabalhadeira, que possuía uma quitanda e umas economias. 
Os dois amasiaram-se, passando a escrava a trabalhar como burro de carga 
para João Romão. Com o dinheiro de Bertoloza (assim se chamava a ex-escrava), 
o português compra algumas braças de terra e alarga sua propriedade. 
Para agradar a Bertoleza, forja uma falsa carta de alforria.

Com o decorrer do tempo, João Romão compra mais terras e nelas constrói 
três casinhas que imediatamente aluga. O negócio dá certo e novos cubículos 
se vão amontoando na propriedade do português. A procura de habitação é 
enorme, e João Romão, ganancioso, acaba construindo um vasto e movimentado 
cortiço. Ao lado vem morar outro português, mas de classe elevada, com certos 
ares de pessoa importante, o Senhor Miranda, cuja mulher leva uma vida irregular.

Miranda não se dá com João Romão, nem vê com bons olhos o cortiço perto 
de sua casa. No cortiço moram os mais variados tipos: brancos, pretos, mulatos, 
lavadeiras, malandros, assassinos, vadios, benzedeiras etc. Entre outros: a 
machona, lavadeira gritalhona, "cujos filhos não se pareciam uns com os outros", 
Alexandre, mulato pernóstico; Pombinha, moça franzina que se desencaminha 
por influência das más companhias; Rita Baiana, mulata faceira que andava 
amigada na ocasião com Firmo, malandro valentão; Jerônimo e sua mulher, e 
outros mais.

João Romão tem agora uma pedreira que lhe dá muito dinheiro. No cortiço há 
festas com certa freqüência, destacando-se nelas Rita Baiana como dançarina 
provocante e sensual, o que faz Jerônimo perder a cabeça.


Na casa de Miranda era uma festa só! Ele havia sido agraciado com o título de 
Barão do Freixal pelo governo português. João indagava-se, por não ter desfrutado
 os prazeres da vida, ficando só a economizar. Diante de tal injúria, com muito mau 
humor implicava com tudo e todos do cortiço. Fez despejar na rua todos os 
pertences de Marciana. Acusou-a de vagabunda, acabando ela na cadeia.


A festa do Miranda esquentava e João recebeu convite para ir lá, o que o deixou 
ainda mais injuriado. O forró no cortiço começou, porém uma briga feia se travou 
entre Jerônimo e Firmo. Barricada impedia a polícia de entrar, o incêndio no 
número 12 fez subir grande desespero, era um corre-corre, polícia, acidentados 
(Jerônimo levou uma navalhada) e para finalizar caiu uma baita chuva. João foi 
chamado a depor, muitos do cortiço o seguiram até a delegacia, como em mutirão. 
Rita incansavelmente cuidava do enfermo Jerônimo dia e noite.


Naquela mesma rua, outro cortiço se forma. Os moradores do cortiço de João 
Romão chamam-no de "Cabeça-de-gato"; como revide, recebem o apelido de 
"Carapicus". Firmo passou a morar no "Cabeça-de-gato", onde se torna chefe dos 
malandros. Jerônimo, que havia sido internado em um hospital após a briga com
 Firmo, arma uma emboscada traiçoeira para o malandro e o espanca a pauladas, 
lançando o seu corpo ao mar e fugindo em seguida com Rita Baiana, abandonando
 a mulher.


A morte de Firmo já rolava solta no cortiço. Rita estava com Jerônimo. 
Ele, sonhando começar uma vida nova, escreve logo ao vendeiro despedindo-se 
do emprego, e à mulher contando-lhe do acontecido e prometendo-lhe somente 
pagar o colégio da garota. Piedade e Rita se atracaram no momento em que a 
mulata saía de mudança, o cortiço todo e mais pessoas que surgiram, entraram 
na briga. Foi um tremendo alvoroço, acabara sendo uma disputa nacional 
(Portugueses x Brasileiros).


Nem a polícia teve coragem de entrar sem reforço. Querendo vingar a morte de
 Firmo, os moradores do "Cabeça-de-gato" travam séria briga com os "Carapicus"
. Travou-se a guerra, a luta dos capoeiristas rivais aumentava progressivamente 
quando o incêndio no número 88 desatou, ensangüentando o ar. 
A causa foi a mesma anterior. Por um desejo maquiavélico, uma velha considerada
 bruxa incendiou sua casa, onde morreu queimada e soterrada, rindo ébria de 
satisfação. Com todo alvoroço, surgia água de todos os lados e só se pôs fim na
 situação quando os bombeiros, vistos como heróis, chegaram. O velho Libório 
(mendigo hospedado num canto do cortiço) ia fugindo em meio a confusão, mas 
João o seguiu. Morrera também naquele incêndio além da bruxa, o Libório e a 
filhinha da Augusta além de muitos feridos. Para João o incêndio era visto como
 lucro, pois o cortiço estava no seguro, fazendo ele planos de expansão baseado 
no dinheiro do velho mendigo. Por conseqüências do incêndio Bruno foi parar 
no hospital, onde Leocádia foi visitá-lo ocorrendo assim a reconciliação de ambos, 
que estavam separados. As reformas expandiram-se até o armazém e as mudanças 
no estilo de João também alcançavam um nível social cada vez mais alto.


O cortiço não parecia mais o mesmo, agora calçado, iluminado e arrumado todo
 por igual. O sobrado do vendeiro também não ficara para trás nas reformas. 
Quem se destacou foi Albino (lavadeiro homossexual) com a arrumação de sua 
casa. A vida transcorria, novos moradores chegavam. Já não se lia sob a luz 
vermelha na porta do cortiço "Estalagem de São Romão", mas sim "Avenida 
São Romão". Já não se fazia o "Choradinho" e a "Cana-verde", a moda agora 
era o forrobodó em casa, e justo num desses em casa de das Dores, Piedade que 
passara a beber enchera a cara e Pataca é que lhe fazia companhia e querendo 
agarrá-la depois de ouvir seus lamentos, nada se sucedeu pois a caninha surtiu 
efeito (vômito)...


João Romão, agora endinheirado, reconstrói o cortiço, dando-lhe nova feição e 
pretende realizar um objetivo que há tempos vinha alimentando: casar-se com 
uma mulher "de fina educação", legitimamente. Lança os olhos em Zulmira, 
filha do Miranda. Botelho, um velho parasita que reside com a família do 
Miranda e de grande influência junto deste, aplaina o caminho para João Romão, 
mediante o pagamento de vinte contos de réis. E em breve os dois patrícios, por
 interesse, se tornam amigos e o casamento é coisa certa. Só há uma dificuldade: 
Bertoleza.


João Romão fica imaginando em como livrar-se dela: manda um aviso aos 
antigos proprietários da escrava, denunciando-lhe o paradeiro. Pouco tempo 
depois, surge a polícia na casa de João Romão para levar Bertoleza aos seus 
antigos senhores. A escrava compreende o destino que lhe estava reservado, 
suicida-se, cortando o ventre com a mesma faca com que estava limpando o 
peixe para a refeição de João Romão. Naquele mesmo instante João Romão 
recebera um diploma de sócio benemérito da comissão abolicionista.

Fim

A Obra

(Apresentação de Francisco Achcar na edição paradidática do Colégio 
Objetivo, 1996)

O cortiço foi publicado em 1890, em meio à atividade febril de produção 
literária a que Aluísio de Azevedo se viu obrigado, em seu projeto de 
profissionalizar-se como escritor. Teve de escrever muitos romances e contos 
para atender a pedidos de editores, que procuravam corresponder ao gosto do
 público leitor, um gosto marcado pelo pior tipo de romantismo. Por isso, 
produziu muita literatura inferior, baixamente romântica, estilisticamente 
descuidada. Mas O cortiço tem situação inteiramente à parte nessa produção
 numerosa e quase toda sem importância, pois neste livro Aluísio põe em 
prática os princípios naturalistas, em que acreditava, e toda sua capacidade 
artística.

O romance é de nítido recorte sociológico, representando as relações entre 
o elemento português, que explora o Brasil em sua ânsia de enriquecimento, 
e o elemento brasileiro, apresentado como inferior e vilmente explorado pelo 
português. A obra revela a aceitação de idéias filosóficas e científicas do 
tempo: aparecem, diluídas no livro, noções de determinismo e de evolucionismo.

Na elaboração de O cortiço, Aluísio de Azevedo seguiu, como em Casa de 
Pensão a técnica naturalista de Zola. Visitou inúmeras habitações coletivas no 
Rio; interrogou lavadeiras, capoeiras, vendedores, cavouqueiros; observou-lhes
 a linguagem; escutou atento os ruídos coletivos dos cortiços; sentiu-lhes o cheiro 
(como na obra de Zola, as imagens olfativas têm importância na fixação do
 ambiente. Segundo um processo criado pelos naturalistas); viu-lhes a 
promiscuidade e notou que as coletividades, apesar de divergirem, são ligadas 
por um estranho sentimento de classe, que as une, nos momentos mais críticos, 
quando são esquecidos os ódios e as divergências. Com toda essa 
“documentação”, criou o enredo em torno de um problema social que se 
tornava mais e mais grave, com a formação de grandes massas urbanas 
proletárias, constituídas em boa parte pelos operários dos primórdios da
 industrialização do país.

Duas grandes qualidades devem ser observadas no estilo de O cortiço: 
uma é a grande capacidade de representação visual do autor, certamente 
relacionada com sua habilidade para o desenho (como vimos, Aluísio 
exerceu, em certa época, a atividade de caricaturista) e que faz que tenhamos 
freqüentemente, ao ler o romance, a impressão de estarmos assistindo a um 
filme; a outra é a sua formidável habilidade para dar vida à multidão, ao 
grande grupo humano dos moradores do cortiço. De fato, vemos, no romance, 
essa coletividade pulsar, reagir, alegrando-se, deprimindo-se ou irando-se –
 e ocupando o lugar de personagem central da obra. Desse grupo variado e 
animado destacam-se alguns tipos, a que o romancista soube atribuir uma
 individualidade marcante. Entre estes últimos, é inesquecível a figura de 
Rita Baiana, a bela, sensual, generosa e graciosa mulata, que se tornou 
uma das personagens mais notáveis da literatura brasileira.

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