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sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

RESUMO DO LIVRO "PETER PAN"






A história, para os que são de Marte e nunca ouviram falar, é
do garoto que quer ficar criança pra sempre e dos três irmãos ingleses
que vão com ele viver grandes aventuras na Terra do Nunca, com direito 
a luta com piratas malvados, brincadeiras com as sereias e a guerra de 
faz de conta contra os índios.

O livro sofreu diversas adaptações para o cinema, das quais falo com 
mais calma depois; menciono-as porque foram importantes para criar a 
imagem do que é Peter Pan na cabeça das pessoas.
E é claro que é uma imagem errada.

O livro é a versão romanceada da peça de teatro escrita pelo mesmo autor 
e que estreou em 1904. James Barrie transformou a peça em livro e 
publicou a história em 1911, tendo adicionado cenas e situações ao livro 
até a década de 20. Em 1928 o autor parou de fazer alterações na história 
e doou os direitos do livro a um hospital para crianças.
O livro que acompanhou minha infância é a versão de 1911 que inclui o 
problemático An Afterthought, uma cena que Barrie adicionou à peça e
 que alguns diretores escolheram não usar (a última versão 
cinematográfica de Peter Pan, de 2002, não inclui essa cena final, 
enquanto Hook, a versão de Spielberg, usa essa cena como base para 
todo o roteiro).

Apesar de ter sido escrito para crianças, o livro tem elementos que são
 mais complexos e que só poderão ser compreendidos numa outra leitura, 
com o amadurecimento do leitor.
A criança logicamente vai se divertir com as aventuras do garoto que não 
quer crescer – e que criança nunca pensou nisso? Mas o livro vai se 
revelando mais complicado, mais sutil e mais interessante conforme os 
elementos chave são compreendidos.

Peter Pan não quer crescer e foge com as fadas para a Terra do Nunca, 
mas sente falta de uma mãe (ele usa a desculpa de que ele não tem 
criatividade para inventar histórias-de-antes-de-dormir) e costuma espiar 
a Sra. Darling lendo contos-de-fadas para seus filhos dormirem.
A cena em que Peter e Wendy, a filha mais velha, se encontram é de 
conhecimento de todos: a sombra de Peter se descola de seus pés num 
acidente com a janela e a Sra. Darling dobra a sombra e a guarda 
na gaveta da cômoda. 
O Sr. e a Sra. Darling saem para um jantar de gala e deixam a 
cadela-babá Naná presa no jardim após uma discussão sobre o tipo 
de babá correto para os filhos de uma família emergente (e uma confusão 
com o remédio do Sr. Darling).
Peter vem resgatar sua sombra e quando não consegue colá-la aos seus pés
 usando sabão, senta no chão e começa a chorar, fazendo com que 
Wendy acorde.

Quando ele descobre que Wendy sabe todas as histórias de cor, não hesita 
em chamá-la para ir com ele à Terra do Nunca para ser a mãe dele e de 
todos os meninos perdidos (bebês que caem dos berços e são levados 
pelas fadas). Ela se empolga e pergunta se eles podem levar seus irmãos 
também, e Peter acaba deixando João e Miguel irem porque não sabe 
como recusá-la.
O pó de pirlimpimpim é jogado sobre as cabeças dos novatos, eles são 
instruídos a terem um pensamento alegre (“think of the happiest thing, 
it’s the same as having wings”) e lá se vão eles voando em direção à terra 
encantada, virando segunda estrela à direita e direto até o amanhecer.

Os piratas, liderados pelo temível Capitão Gancho (que, junto com Sininho, 
é o meu personagem favorito), atacam os recém chegados; Wendy sofre 
um atentado; os meninos perdidos recebem os três irmãos com alegria 
– euforia, no caso de Wendy, que ganha uma casa – e passam a viver 
várias aventuras.

O livro não é apenas uma história de fantasia de primeiríssima qualidade 
– é também uma obra prima onde cada personagem tem seu lugar e suas 
características descritas de forma simples e inconfundível. Nada é o que 
parece à primeira vista, e a visão do autor sobre a época e sobre os temas 
abordados – casamento, maternidade, amadurecimento e “propriedade” 
(no sentido de propriety – aquilo que é adequado) – permeia a narrativa 
de forma genial.
O leitor mal percebe, a princípio, mas existe uma constante conversa 
entre o narrador e o leitor, e quando você menos espera está 
completamente à mercê da idéia de que há alguém contando essa história 
para você dormir.

Esse livro é um que deve ser lido por todas as crianças e todos os adultos. 
É divertido, comovente, inteligente, lindo… é tudo o que um livro infantil 
deve ser e mais um pouco. Se você acha que já conhece a história de Peter 
Pan por ter visto algum filme – o da Disney, por exemplo – faça um favor 
a si mesmo e leia o livro. Cada leitura revelará mais um detalhe da história,
 que é muito mais bonita do que aparenta ser.
Uma obra prima que é obrigatória em qualquer estante, Peter Pan vai ser 
pra sempre meu livro favorito no mundo inteiro.

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