Em um dos milhões de planetas que existem no universo vivia um
pequeno e solitário príncipe. De baixa estatura, o jovem garoto tinha
cabelos loiros e faces enrubescidas. O planeta em que morava era tão
pequeno que para contemplar o por do sol várias vezes seguidas apenas
girava a sua cadeira. As únicas companhias de que disponha para
conversar e se distrair eram uma flor que se dizia ser única entre as
espécies e os três minivulcões do seu planeta, dois ativos e um inativo.
Eram tão pequenos que as erupções pareciam como faíscas de lareiras e
serviam para preparar suas refeições. A flor brotara de uma semente
trazida sabe se lá de onde pelas correntes de ar. Logo cativou o pequeno
príncipe com a sua beleza e elegância. Vaidosa pediu para que ele a
cuidasse contra as intempéries devastadoras do universo, como as fortes
ondas de vento e as rajadas de chuvas. Todos os dias a regava com água
fresca e a envolvia em uma redoma de vidro. Certa manhã resolveu viajar
para outros planetas e antes disso arrumou sua flor e revolveu
cuidadosamente seus vulcões, logo em seguida partiu tristonho por ter de
deixar sua flor sozinha.
O primeiro planeta a chegar era habitado apenas por um rei absoluto que
O primeiro planeta a chegar era habitado apenas por um rei absoluto que
teimava afirmando-se soberano sobre todas as coisas. Mas a quem ordenaria
se somente ele habitava o seu planeta? Com saudade do por do sol o pequeno
príncipe pediu-lhe para contemplar tal fenômeno, mas o rei não tinha poderes
para tanto e ordenou-lhe que aguardasse o cair do dia. Aborrecido decidiu partir
em frente, mas o rei não gostou da ideia de ficar sozinho novamente e sem
ninguém para governar, assim, ofereceu-lhe inúmeros cargos, como ministro
da justiça e embaixador. Sem pretensões ele partiu sem nada dizer.
O segundo planeta era habitado por um vaidoso que amava ser admirado.
O segundo planeta era habitado por um vaidoso que amava ser admirado.
Toda vez que era lisonjeado tirava o chapéu e essa atitude monótona
aborreceu o pequeno príncipe que partiu e foi embora. No terceiro planeta
encontrou um bêbado que interrogado sobre o porquê bebia afirmou que o
fazia para esquecer de que tinha vergonha de beber. Ficou perplexo com a
alienação do beberrão e foi-se embora. Cada vez que partia reforçava a ideia
de que as pessoas grandes são realmente esquisitas. O quarto planeta era
povoado por um empresário que vivia contando números, fato que deixou
o pequeno príncipe intrigado. Questionado disse que contava e recontava a
quantidade de estrelas que possuía deixando o jovem ainda mais inquieto,
pois para ele as estrelas não têm dono, afinal pertencem a todos.
Questionado ainda sobre o quê fazia com elas o empresário respondeu que
as depositava em um banco como se fossem riquezas acumuláveis.
Movido pela avareza e ambição o empresário não se dava conta da
imbecilidade de suas atitudes. Desapontado e decepcionado com as pessoas
grandes o pequeno príncipe partiu mais uma vez.
O quinto planeta era o mais pequeno de todos e abrigava apenas um acendedor
O quinto planeta era o mais pequeno de todos e abrigava apenas um acendedor
e apagador de lampiões. O garoto o considerou menos tolo do que o empresário,
o rei, o bêbado e o vaidoso, pois o seu trabalho ao menos era dotado de sentido,
ainda que minimamente. Já cansado de presenciar ações repetitivas desprovidas
de imaginação e criatividade o jovem partiu acreditando decididamente que as
pessoas grandes são muito estranhas mesmo.
Já no sexto planeta o príncipe encontrou ali um geógrafo sem muita empolgação
Já no sexto planeta o príncipe encontrou ali um geógrafo sem muita empolgação
que ficava o tempo todo sentado em sua escrivaninha aguardando descrições de
exploradores sobre o relevo do seu planeta. Sem motivo de permanecer ali
interrogou ao geógrafo para qual planeta deveria seguir. Ele respondeu a Terra,
pois era um planeta com boa reputação. Ao chegar a Terra aterrissou no deserto
do Saara na África e logo encontrou um homem que tentava consertar o seu
vião que sofrera uma pane e teve que fazer um pouso de emergência.
Curiosamente pediu para ele lhe desenhar um carneiro. Sem acertar o
modelo de desenho desejado pelo garoto o homem decide desenhar uma
caixa afirmando que o carneiro que ele queria estava ali dentro.
O pequeno príncipe ficou maravilhado, afinal encontrara enfim alguém
que lhe compreendia. Desenhou ainda uma corda para amarrá-lo e evitar
que comesse sua flor. Depois desses acontecimentos narrou para seu mais
novo amigo a sua história de vida. Dias depois o jovem saiu pelo deserto
solitário e tombou ao chão sem fazer barulho e ao amanhecer do dia
seguinte seu corpo não mais estava ali. Certamente retornara ao seu planeta
de origem deixando apenas as estrelas como sinal de sua existência.
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