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domingo, 2 de fevereiro de 2014

RESUMO DO LIVRO "ALVES & CIA"



Alves & Cia. é a firma da qual são sócios Machado e Alves e o título 
deste "pequeno romance" fala sobre o adultério e suas conseqüências. 
Quando no dia do aniversário de Ludovina, esposa de Godofredo 
(Alves), este a surpreende abraçada com Machado, aí começa a história. 
Alves perturbado com a surpresa, se retira e Machado foge da sala. 
Alves expulsa Lulu para a casa do pai (que recebe a notícia feliz com 
a pensão que receberá junto) e decide que ele e Machado tirarão na 
sorte quem se suicidaria. Posto que Machado e as testemunhas achem 
isto ridículo, vai-se decidindo por um duelo de pistolas, logo por outro 
duelo de espadas (porque "não foi tão sério"), e por fim por duelo 
nenhum. Ludovina viaja com o pai e volta mais tarde. Machado volta 
a trabalhar num clima seco e frio onde antes houveram dois grandes 
amigos.

Já nessa época Alves quer a reconciliação. O tempo vai passando,
Alves se reconcilia com Ludovina. Sua amizade com Machado renasce; 
a firma prospera, Machado casa, enviuva, casa novamente, etc. Ao final 
de 30 anos, os três são felizes e ainda muito unidos, mas nunca esquecem 
o episódio lamentável em que se envolveram.

O romance tem como cenário a Lisboa nos fins do século XIX e seu
 imaginário social. O texto propõe o que já foi chamado de sociologia do 
adultério um dos temas recorrentes em Eça de Queiroz. Traz a visão de 
que o ócio degenerava a virtude da sociedade como um todo e, sendo 
assim, a mulher que tem muitas ocupações é mais fiel. Godofredo Alves, 
o protagonista, que vem de uma classe mais pobre e cresce com o comércio, 
vive um dilema: seus amigos, de dinheiro “fácil”, tem idéias de fidelidade 
diferentes da sua. E o que é, na verdade, essa idéia posta de fidelidade? 
O episódio que gera a questão vem logo no início da narrativa, quando 
Alves chega em sua casa e encontra sua esposa nos braços do sócio. 
Este mais jovem e com mais dinheiro. Godofredo se desespera, expulsa 
a mulher de sua casa e trama se vingar matando o sócio. Como fazer? 
Busca o auxílio de amigos próximos e entre discussões e desilusões 
repensa seus valores morais. O texto retrata o cotidiano do século XIX 
em Portugal e a mudança de costumes solidificados, representados por 
Godofredo Alves, como a própria fidelidade matrimonial, o duelo para 
justificar a honra, a mesada para a esposa traidora, as “aparências” que 
deveriam ser mantidas, frente a visão dos demais personagens: o sogro
que preocupasse com a mesada da filha, seus amigos que lhe dão uma 
aula de experiências amorosas, os empregados que fazem vistas grossas 
aos acontecimentos. Depois de persuadido, Godofredo resolve retornar 
à mulher e aceita o sócio novamente. E fica o dito pelo não dito e viveram 
felizes, etc. A questão central de “Alves e Cia.” é a adequação do homem 
ao meio, a pressão da sociedade que o obriga a tomar posições frente aos 
acontecimentos em seu dia a dia; a degeneração da moral cristã que só 
existe como um véu encobrindo a realidade e o tempo – a velocidade 
das transformações sociais que atropela um conjunto de valores solidificados 
– que apaga todas as feridas. Tudo estava bem na vida do Alves. 
Até que um dia ele chegou em casa e teve a terrível visão em sua sala de 
estar: sua mulher, no sofá amarelo, em postura inconveniente, trocando 
afagos com um outro homem. Negócios, tranqüilidade, o doce lar, tudo 
veio abaixo de uma só vez, como num pesadelo terrível. Desesperado, 
Alves vê sua vida ruir e, indignado, anseia por vingança. Afinal, perde-se 
a mulher, mas não se perde a honra. O que é realmente importante para a 
vida social de um homem nesse conjunto que é o século XIX e, em 
determinadas classes sociais, para o homem de hoje? Tais questões 
permeiam todo o texto. Podemos perceber que o naturalismo – 
característico dos textos anteriores de Eça de Queiroz – já começa a dar 
espaço a um sarcasmo diluído na narrativa (que não invalida o naturalismo) 
que funciona como uma “saturação”, aparecendo em cada detalhe descrito 
do cotidiano português. A critica é tomada à sociedade burguesa. É o caso 
da construção de uma espécie de “anticiúmes’. Godofredo Alves é o 
estereótipo da prudência mercantil e da burguesia constituída em sólidas 
bases. Sua reconciliação com a mulher e com o sócio determina a
prevalência dos negócios: a firma, as aparências, a conveniência social, 
etc. sobre as relações amorosas: “As paixões fortes pertencem aos livros”. 
As pressões de seus amigos e dos demais membros de sua convivência/
conveniência social o persuadem a esquecer o "acidental" adultério, 
reduzindo-o a um acidente pouco significativo. O que sobrevive é, 
realmente, a necessidade de sobrevivência em uma sociedade capitalista.

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